O trio preso pelo assassinato do
comerciante Igor Peretto, de 27 anos, pode ir a júri popular. O Ministério
Público de São Paulo (MP-SP) denunciou Rafaela Costa (viúva), Marcelly Peretto
(irmã) e Mario Vitorino (cunhado da vítima) por participação no crime
em Praia Grande, no litoral de São Paulo.
O MP-SP concluiu que Rafaela, que
se relacionava com Mario e Marcelly, fez ciúme para “atrair” o marido até o
apartamento da irmã dele, onde foi morto a facadas pelo cunhado. Segundo o
órgão, apesar da esposa ter sido filmada deixando o imóvel antes do crime, ela
participou do “plano mortal” e até fez pesquisas sobre em “‘quanto tempo o
corpo demora a feder?”.
O crime aconteceu em 31 de
agosto. Dentro do imóvel estavam a vítima, Marcelly (irmã) e Mário Vitorino
(cunhado e sócio de Igor). Rafaela Costa (viúva) chegou com Marcelly ao
apartamento, mas o deixou 13 segundos antes do marido chegar com o suspeito
pelo assassinato.
As mulheres se entregaram e
foram presas em 6 de setembro, enquanto Mário foi detido após ser
encontrado escondido na casa de um tio de Rafaela, em Torrinha (SP), no dia 15
do mesmo mês.
De acordo com os depoimentos do
trio e dos advogados, a viúva Rafaela tinha um caso com Mário. Além disso, o
advogado de Marcelly chegou a dizer que a cliente e Rafaela tiveram um
envolvimento amoroso no local antes da chegada de Igor e Mario no apartamento.
Ciúme e pesquisas
A Justiça de Praia Grande (SP)
converteu as prisões do trio, de temporárias para preventivas, após a denúncia
feita pelas promotoras Ana Maria Frigerio Molinari e Roberta Bená Perez
Fernandez, do MP-SP.
Segundo a denúncia, a vítima foi
morta com facadas desferidas por Mário, que recebeu incentivo
e apoio moral de Marcelly e Rafaela. De acordo com a
interpretação do MP-SP, as mulheres ainda foram as responsáveis por atrair Igor para
o local.
“Criado o contexto para
despertar o ciúme da vítima e atraí-la para o local do crime, Mário e Igor se
dirigiram ao apartamento de Marcelly”, declarou o MP-SP, sobre a dinâmica do
caso.
O órgão acrescentou que
“pouquíssimos momentos antes da chegada dos dois rapazes ao apartamento,
e já certa de ter atraído o marido para a morte, Rafaela deixou o local e
permaneceu em seu veículo nas proximidades, aguardando o desfecho do homicídio
e a fuga dos comparsas”.
O MP-SP pontuou que, enquanto
aguardava, Rafaela realizou pesquisas em um aplicativo de buscas no celular,
como destinos para onde poderiam escapar. “Além disso, enquanto fugia com os
comparsas, [ela] pesquisou ‘quanto tempo o corpo demora a feder‘”, afirmou o
órgão.
De acordo com o MP-SP, a viúva
ainda apagou conteúdo de mensagens trocadas com os comparsas no dia do
crime. “Há elementos, portanto, a demonstrar que os três
denunciados agiram em conluio para a morte da vítima. Além disso, a
brutalidade do crime gerou repercussão nacional e clamor social, sendo certo
que eventual soltura nesta fase reforçaria a sensação de impunidade no país”.
Conforme apurado, o juiz da Vara
do Júri, das Execuções Criminais e da Infância e Juventude da Comarca de Praia
Gande, Felipe Esmanhoto Mateo, recebeu a denúncia do MP-SP na quinta-feira
(31/10), quando tornou réus os acusados e decretou a prisão preventiva
deles.
O trio pode ser levado à júri
popular. O juiz determinou também que os réus apresentem resposta à acusação no
prazo de dez dias.
Prisão preventiva
Ao portal g1, o advogado
criminalista Guilherme Lázaro Costa e Silva explicou que a prisão
preventiva não tem objetivo de punir, mas de garantir a segurança do processo.
“Geralmente para garantia da ordem pública, o regular andamento do processo e
até mesmo para evitar que se cometa novos crimes”, disse.
Segundo o especialista, a prisão
preventiva não tem caráter definitivo e, por isso, pode ser revogada em algumas
hipóteses.
O advogado Marcelo Cruz, que
representa a viúva Rafaela, disse que pretende ingressar um pedido de
habeas corpus. “Entendo desnecessária a custódia cautelar da Rafaela, motivo
pelo qual levaremos os pedidos de soltura até as cortes superiores”, afirmou.
O advogado representante da irmã
da vítima, Leandro Weissmann, disse que a cliente ainda não foi intimada sobre
a prisão preventiva e, assim que receber a intimação, a defesa entrará com
pedido de habeas corpus.
“A defesa entende que a
determinação da prisão preventiva não preencheu os requisitos legais por ser
através de uma denúncia vaga, sem individualização de condutas, onde não restou
confirmada qualquer participação da Marcelly no episódio”, afirmou Weissmann.
Esta reportagem tentou contato
com o advogado Mário Badures, que representa o cunhado de Igor Peretto, mas não
recebeu retorno até a publicação desta matéria.
Em nota, o Tribunal de Justiça de
São Paulo (TJ-SP) informou que o caso está sob segredo de justiça.
Família
Felipe Pires de Campos, advogado
que representa a família de Igor Peretto, informou que a decisão foi um
conforto para os familiares em meio a tudo que aconteceu.
“A prisão preventiva, acertadamente, veio baseada na gravidade dos crimes e em todos os elementos apurados na investigação, que mostram com exatidão a participação de cada um dos três no crime”, disse.
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