O pedreiro David Martins do Carmo, de 35 anos, teria um compromisso nesta quarta-feira: segundo parentes, ele iria oficializar seu casamento de 10 anos, que lhe deu dois filhos. Na terça-feira à noite, David havia ido à igreja evangélica onde fazia um trabalho voluntário — estava tão feliz que, naquele dia, não se preocupou com a guerra entre traficantes e milicianos no bairro onde mora, a Gardênia Azul, na Zona Oeste do Rio. E, quando voltava para casa, por volta das 21h, acabou sendo morto por bandidos que o abordaram.
O corpo de David foi encontrado esquartejado, na madrugada desta quarta-feira, na Avenida Canal do Anil. O caso é apurado pela Delegacia de Homicídios da Capital e, de acordo com informações preliminares, traficantes que invadiram a localidade do Marcão o revistaram e ordenaram que abrisse os arquivos de seu celular. Teriam desconfiado que o evangélico, sem qualquer anotação criminal, era integrante do grupo paramilitar que atua na região.
— David foi para a igreja junto com um filho. Moramos no mesmo endereço; eu, na casa de cima e ele, embaixo. Quando meu neto chegou, perguntei por David, e ele disse que bandidos tinham pegado meu filho. Eu e minha nora corremos atrás dele. Parece que pediram seu telefone e ele não quis dar ou não soube desbloquear o celular. Como David é da igreja, pastores também se juntaram a nós para procurá-lo — contou Ana do Carmo ao “RJ TV”, da Rede Globo.
Ontem, enquanto cuidava da liberação do corpo do pedreiro no Instituto Médico-Legal (IML), a mãe cobrou justiça e segurança:
— Foi uma barbaridade com ele. Picaram meu filho todinho, ele nunca foi bandido. Estamos sofrendo na Gardênia Azul. Prefeito, governador e presidente, olhem para a gente!
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