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* Quem é o "policial exemplar" que se infiltrou no MPRN e repassava informações para facções CV, SdRN e PCC

 Dhayme Araújo da Silva, uma vez renomado coordenador dos presídios estaduais do Rio Grande do Norte, hoje se encontra atrás das grades que ele próprio ajudou a administrar, conforme reportagem do colunista do UOL, Josmar Josino, desta terça-feira (28). 

Sua trajetória, marcada por uma ascensão e queda notáveis, é um conto de lealdade traída e corrupção.

Silva, de 43 anos, era conhecido por sua postura rigorosa no sistema prisional, frequentemente demitindo policiais penais por infrações graves. 

Sua carreira alcançou um ponto alto ao ser cedido ao Gaeco do Ministério Público do RN, após servir como assessor do secretário da Administração Penitenciária e Ressocialização do Ceará.

Como paraquedista e colaborador da Força de Segurança Nacional, Silva parecia o perfil ideal para dirigir operações especiais no sistema prisional, inclusive durante a rebelião de Alcaçuz. 

No entanto, o homem que ajudou a erguer as paredes de uma das prisões onde agora está confinado, a Cadeia Pública Dinorá Simas Lima Deodato, teve seu nome marcado na infâmia, não só na placa de inauguração da unidade.

A reviravolta em sua história ocorreu quando Silva "passou para o outro lado", conforme apontado pelo Gaeco. 

Ele revelou informações sigilosas e forneceu dados de agentes de segurança para organizações criminosas em troca de dinheiro. 

Este ato de traição não só violou a confiança depositada nele, mas também colocou vidas em risco.

Silva chegou a oferecer por R$ 500 mil o endereço do secretário da Administração Penitenciária cearense ao Comando Vermelho, utilizando perfis falsos para comunicar-se com o crime organizado. 

A investigação revelou uma teia de corrupção e vazamento de informações, culminando em sua prisão preventiva em outubro deste ano.

Agora, Dhayme Araújo da Silva enfrenta acusações por receptação de equipamentos da Seap, corrupção passiva e violação de sigilo funcional. 

Sua história ressalta a complexidade e os perigos latentes nas instituições responsáveis por manter a ordem e a justiça, mostrando como até os mais altos escalões não estão imunes à corrupção e à queda.

Ofertas para o crime organizado

As investigações do MP-RN apontaram que em 11 de junho de 2023, ele descobriu uma advogada que defende clientes da facção criminosa Sindicato RN, se apresentou como agente secreto e passou detalhes de investigações de um preso da organização e do filho de um prefeito.

No dia 21 de junho trocou mensagens de WhatsApp com uma advogada acusada de integrar a "Sintonia dos Gravatas", como é chamada o braço jurídico de facções criminosas. O criminalista também foi investigado por Gaeco e chegou a ser condenado.

Quatro dias depois o agente ofereceu para outra advogada informações sigilosas de clientes dela recolhidas em presídios estaduais e na Penitenciária Federal de Mossoró, onde estão recolhidos líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital).

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Crime.

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