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* Morte do prefeito Neném Borges continua sem respostas.

Já se passaram 107 dias desde quando o prefeito de São José do Campestre, Joseilson Borges da Costa, mais conhecido como Neném Borges (MDB), foi assassinado a tiros dentro de sua própria casa, no dia 18 de abril passado. Com o crime ainda sem solução, a cidade vive hoje um clima que se traduz em um misto de medo, dor, revolta e perseguição política.

Amigos e familiares da vítima fizeram um protesto na manhã desta quinta-feira 3. Empunhando cartazes, eles se reuniram em frente à Câmara Municipal para clamar por justiça e cobrar das autoridades policiais respostas sobre o crime, cuja investigação corre em sigilo.

De acordo com a vereadora Ana Clara Borges (PP), que é sobrinha do prefeito assassinado, a cidade está “assombrada” após a morte do gestor. Constantemente os familiares são incitados pela população a dar respostas que só a investigação poderá apresentar. A população quer saber quem matou o prefeito, por que cometeu tal crime e a mando de quem.

Além do sofrimento que a perda de Neném Borges tem causado, Ana Clara afirma que os familiares e amigos do prefeito ainda têm que lidar com uma “perseguição política” que estaria sendo conduzida pelo grupo do prefeito Eribaldo Lima (MDB), que assumiu o comando da prefeitura após o crime.

A vereadora relatou um episódio ocorrido recentemente em que a viúva de Neném, Luciana Araújo, mais conhecida por “Nega”, realizou uma ação social em uma comunidade rural do município para entregar cestas-básicas e lancheiras. Segundo Ana, entre os beneficiados pela ação havia uma servidora comissionada do município. A mulher, após receber a cesta, teria sido ameaçada de exoneração.

“Eles ameaçaram de colocar a menina para fora, inclusive tem até um áudio da secretária de Agricultura deixando bem claro que todo e qualquer contratado que tirar uma foto com Nega Borges vai ser demitido. Acredito que isso seja uma perseguição política e aqui a gente está vivendo um momento que quem se aproxima da gente é demitido”, lamentou a vereadora em entrevista ao AGORA RN nesta quinta-feira 3.

Ana Clara conta ainda que organizou um aniversário para comemorar o primeiro ano de vida de seu filho mais novo. O evento também ocasionou exonerações na prefeitura.

“Todas as pessoas que estavam na festa e que eram contratadas [pela prefeitura] foram colocadas para fora, todos os cargos comissionados, para você ver a que ponto nosso município chegou”, afirma Ana, acusando o prefeito, secretários e outras pessoas ligadas a ele de promoverem a perseguição aos familiares do prefeito assassinado.

Luciana Araújo, viúva de Neném Borges, confirma os episódios de perseguição. “Todo mundo que trabalha na prefeitura, se tiver contato comigo e ele [o prefeito] souber, ele bota pra fora. Se alguém quiser falar comigo alguma coisa, tem que vir escondido, porque se ele souber ele bota pra fora”, afirma Luciana.

Ela acrescenta que mais de 20 servidores foram exonerados apenas porque postaram nas redes sociais a foto de Neném Borges com um pedido de “justiça”. “Isso não pode acontecer, ele tentar calar a boca das pessoas por causa de um emprego na prefeitura”, lamenta.

Luciana revela que, após a morte de Neném, o atual prefeito nunca procurou a família para conversar nem manifestar apoio diante da situação. A relação entre eles hoje é de completo distanciamento.

O AGORA RN tentou contato com o prefeito Eribaldo Lima para ouvi-lo sobre a acusação de perseguição política, mas ele não atendeu às ligações nem respondeu às mensagens enviadas pela reportagem.

Investigação sobre morte segue em sigilo na Polícia Civil

“Nada que a gente faça vai trazer a vida dele de volta, mas eu acho que a população merece uma resposta, a população merece uma satisfação”, disse Ana Clara ao ser questionada sobre a investigação que objetiva trazer à tona as respostas sobre o fatídico dia 18 de abril.

Nessa data, um homem vestido de preto e encapuzado adentrou a casa do prefeito de São José do Campestre e disparou três tiros na cabeça de Neném Borges, que morreu no local. O assassino, ainda não identificado, fugiu sem deixar pistas.

Nenhum bem da família foi levado durante a ação criminosa. Além de Neném, a mulher e a filha dele também estavam na residência no momento do crime, mas elas não foram atingidas.

Por meio de nota, a Polícia Civil informou que a investigação, que é tratada como sigilosa, está sendo conduzida pela Delegacia Municipal de São José do Campestre com apoio da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

O trabalho investigativo, de acordo com a Polícia Civil, vem sendo realizado desde o dia do crime.

“O caso está sendo tratado pela instituição com a importância e prioridade que um fato de tamanha gravidade merece. A Polícia Civil solicita que a população continue enviando informações, de forma anônima, por meio do Disque Denúncia 181”, diz um trecho da nota enviada pela PCRN.

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Essa perseguição é muito suspeita seu moço.
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