Conversas entre o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro Mauro Cid e o ex-assessor presidencial Marcelo Câmara mostram que Bolsonaro não pegou a encomenda com duas esculturas douradas porque "não valiam nada" (veja a conversa abaixo).
O diálogo foi divulgado com a decisão que autorizou a operação da Polícia Federal desta sexta-feira (11), em que o pai de Cid é um dos alvos.
O R7 tenta contato com os citados. R7
As esculturas são de uma árvore e de um barco, ambas douradas. Em uma foto publicada pelo Palácio do Planalto no Flickr, Bolsonaro aparece ao receber um dos itens na Cerimônia de Encerramento do Seminário Empresarial da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, em outubro de 2021.
Segundo o relatório que embasou a decisão de Moraes, as esculturas foram transportadas no avião presidencial no dia 30 de dezembro de 2022, em uma "mala específica", segundo foi descrito por Cid em mensagens citadas pela PF.
As investigações mostraram que o general Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante, encaminhou os objetos para avaliação, em uma tentativa de venda. Em mensagens, é possível ver que o general enviou fotos dos itens ao filho. Inclusive, foi em uma das caixas de transporte das esculturas que o "reflexo" do general Lourena Cid apareceu.
Os bens, no entanto, não tinham valor patrimonial. Em 1º de março de 2023, Cid explica a Câmara por meio de uma mensagem de áudio por que Bolsonaro não teria pegado as esculturas. "É, é... Não é nem banhado, é latão. Então, meu pai [Mauro Lourena Cid] vai, vai levar pro Brasil na mudança [...]".
Assim, concluiu a Polícia Federal que há indícios de que as esculturas possam ter sido desviadas do patrimônio público, sem sequer terem sido submetidas ao Gabinete Adjunto de Documentação Histórica – GADH para avaliação
A PF ressaltou que, embora os bens não tivessem o preço esperado, pesquisas mostram o valor histórico-cultural que objetos semelhantes ao barco e à árvore teriam para o Estado brasileiro. Ainda de acordo com os investigadores, nenhum registro das duas esculturas foi encontrado no acervo privado de Bolsonaro.
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