O policial militar Hilquias Coelho Ferreira, preso
na madrugada de sexta-feira (31) suspeito de assassinar o amigo que estava com ele
na mesma mesa de bar, teve o pedido de soltura negado por ser "frio e sem
sentimento à vida humana", segundo o juiz que julgou o pedido. O
policial teria cometido o crime, que aconteceu na quinta-feira (30) na cidade
de Barro, no interior do Ceará, após a vítima guardar a
arma de fogo dele.
O g1 teve acesso à decisão do juiz Luís Savio de
Azevedo Bringel, que afirma que a vítima guardou a arma de fogo
do policial no carro do suspeito ao perceber que o amigo estaria bêbado.
O policial não gostou da atitude da vítima, foi até o carro buscar a arma e, sem qualquer chance de defesa, atirou na cabeça do amigo, que
estava de costas.
Ainda segundo o juiz Luís Savio, não houve qualquer discussão entre a
vítima e o policial, que efetuou um disparo mortal que atingiu a parte
posterior da cabeça da vítima.
"Em razão de sua verossimilhança e gravidade, autorizam afirmar ser
o agressor pessoa portadora de caráter perigoso, frio e sem sentimento à vida
humana, sobretudo quando sob o efeito de bebida alcoólica", afirma o juiz
na decisão de manter o policial preso.
Assassinato a sangue-frio
O crime foi filmado por câmeras de segurança. Os amigos bebiam em uma
mesa de bar às margens da BR-116 quando Hilquias Coelho se dirigiu até o carro,
pegou uma arma de fogo e disparou na cabeça de Carlos Anderson, "sem
qualquer advertência ou discussão".
Testemunhas afirmaram em depoimento à Polícia Civil que o policial
militar não gostou de Carlos Anderson ter guardado a arma de fogo do agente de
segurança no carro.
"Indiciado e vítima eram amigos e juntos ingeriam bebida alcoólica
naquele fatídico dia. Na ação homicida teria sido feito uso de meio que tornou
impossível a defesa da vítima, já que, além de desarmada, a vítima teria sido
surpreendido com a ação do amigo e que, insatisfeito com o fato da mesma ter
guardado sua arma de fogo, dirigiu-se a seu carro, voltou a se armar, retornou
ao local e sem qualquer advertência ou discussão, pelas costas, desferiu
disparo mortal ", diz o trecho da decisão judicial que negou a soltura do
policial suspeito de matar o amigo.
Após o assassinato, ainda segundo relato de testemunhas, o policial militar fugiu em direção à cidade de Icó, a 95 quilômetros do local do crime, onde se envolveu em uma colisão. Em seguida, ele pegou carona até o município de Jaguaribe, onde foi preso.
Pedido de soltura negado
O juiz também considerou que o
suspeito já responde pelos delitos de deserção, ameaça e porte ilegal de arma
de fogo de uso restrito, "reforçando, dessa forma, a ideia de que
efetivamente seja pessoal voltada à prática de delitos e que, em liberdade,
logo voltará a cometê-los".
A Controladoria Geral de
Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) disse
que determinou imediata instauração de processo administrativo disciplinar em
desfavor do agente e solicitou também o afastamento preventivo dele. g1
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