Funcionários do Palácio da Alvorada ouvidos pelo portal Metrópoles, incluindo militares, denunciam a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro de assédio moral e de realizar transações financeiras suspeitas na residência oficial da Presidência da República durante o período que a família Bolsonaro habitou o espaço.
Dentre as denúncias, há a que descreve a forma como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro tratava os funcionários que trabalhavam diretamente com ela, destratando-os e fazendo com que alguns deles pedissem para mudar de cargo.
Além disso, o pastor Francisco de Assis Castelo Branco, escolhido por Michelle para coordenar os trabalhadores que cuidavam dos cuidados do dia a dia do Alvorada, é apontado em relatos de assédio moral, no qual o pastor ameaçava os funcionários a suspensão do lanche como forma de punição.
Os empregados, segunda a reportagem, chamavam o homem de confiança da ex-primeira-dama de “pastor-capeta”.
Além disso, nos últimos dias do governo Bolsonaro, o pastor, além de um grupo restrito de outros funcionários, esteve envolvido no “desaparecimento” de carnes nobres, como peças de picanha e filé mignon, por exemplo, e fardos de camarão e bacalhau da despensa do Alvorada, conforme contam os entrevistados.
A reportagem traz ainda a história de um ataque de fúria do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele estava com uma visita no Palácio, quando resolveu mostrar a adega do local.
Chegando lá, encontrou a porta do espaço fechada. Pediu então a um funcionário que abrisse a adega e, para a sua surpresa, ouviu do trabalhador que Michelle Bolsonaro desautorizou o cômodo ser aberto para qualquer pessoa. O ex-chefe do Executivo, então, arrombou a porta, paga com dinheiro público, a pontapés.
De acordo com o que diz o staff da residência oficial do presidente, o que motivou a ex-primeira-dama a ordenar o fechamento da adegam foi o fato de o filho do presidente Jair Renan visitar corriqueiramente o local para levar garrafas de bebida.
Carpas e moedas
Ainda segundo funcionários, o “pastor-capeta” Francisco de Assis Castelo Branco ordenou que o espelho d’água localizado em frente ao palácio fosse esvaziado para que as moedas acumuladas no fundo dele fossem retiradas.
Existe a tradição de turistas jogarem moedas no espelho d’água do Palácio da Alvorada, em um gesto que – acredita-se – traz sorte. Michelle, então, mandou que o espelho d’água fosse esvaziado para que as moedas pudessem ser recolhidas.
“A ‘pescaria’ rendeu um balde cheio – não se sabe exatamente quanto havia. Funcionários dizem que Francisco levou as moedas embora, dizendo que as doaria para uma igreja. ‘Se ele doou ou não, não sei, mas ele falou que era a mando da Michelle’, relata um empregado do palácio”, detalha a reportagem.
As carpas que moravam no espelho d´água morreram, conta o mesmo empregado: “ele [pastor] mandou secar o espelho d’água, matou, porque a carpa é bem sensível, as carpas morreram”.
Envelopes de dinheiro
A ex-primeira dama também recebia com regularidade, segundo funcionários, envelopes de dinheiro enviados por Rosimary Cardoso Cordeiro.
Rosimary é a amiga íntima de Michelle e que no primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro viu seu salário de assessora no gabinete de um senador governista ser quase triplicado.
Os indícios apontam para mais um caso de “rachadinha” na família Bolsonaro. Os detalhes poderão ser investigados minuciosamente na investigação em curso no Supremo Tribunal Federal (STF).
“Áudios e outros registros aos quais a coluna teve acesso comprovam que assessores de Michelle no Palácio da Alvorada tinham por tarefa pegar com Rosi – seja no prédio dela, no Riacho Fundo, região administrativa do DF, seja em um ponto de encontro entre o Planalto e o Congresso Nacional — os envelopes recheados de notas de reais”, diz a reportagem.
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