O bar onde aconteceu a chacina em que sete pessoas foram assassinadas é
considerado um dos estabelecimentos mais antigos do bairro Residencial Lisboa,
em Sinop, a 503 km de Cuiabá, de acordo com vizinhos
ouvidos pelo g1 nesta quinta-feira (23). Segundo eles, o local
era conhecido na cidade por conta de jogos de sinuca valendo quantias em
dinheiro para os vencedores.
Um dos moradores, Daniel Nascimento, contou que o estabelecimento existe
há cerca de 10 anos e foi alugado por Maciel Bruno de Andrade Costa, de 35
anos, assim que se mudou da cidade de Bacabal (MA) para Mato Grosso. Aos poucos, de
acordo com o vizinho, o negócio foi sendo expandido.
"Onde é o bar hoje, antes era
uma varanda da própria casa do Bruno e ele foi aumentando. A casa dele ficava
nos fundos", contou.
Cerca de três anos após a abertura, o
bar, que fica a cerca de 3 km do Centro, começou a organizar torneios de sinuca
e ganhou fama na cidade.
"O bar virou um atrativo para as
pessoas que vem até a cidade em busca de emprego e de trabalho porque a cidade
é uma prestadora de serviços. O bar, isolado do Centro, tem essa tradição dos
jogos", afirmou Nascimento.
Já um morador que não quis ser
identificado relatou que o estabelecimento de Bruno, localizado na Rua Três,
nunca teve qualquer tipo de ocorrência policial, violência ou desavença.
Segundo ele, era um local tranquilo e sem agitação. A chacina surpreendeu os
vizinhos.
"Nunca aconteceu nada de
grave", disse.
Bruno Maciel foi uma das vítimas da chacina no próprio bar.
Nesta quinta-feira (23), ele foi sepultado em Sinop. Familiares e amigos
prestaram as últimas homenagens ao dono do bar, no Cemitério Municipal da
cidade.
Entenda o caso
Edgar e Ezequias mataram sete pessoas
-- incluindo uma adolescente de 12 anos -- após perderem uma aposta de sinuca,
na terça-feira (21). Um vídeo registrado pelas câmeras de segurança do local mostram o
momento em que um dos homens, com uma pistola, pede para que as
algumas das vítimas fiquem de costas, viradas para a parede.
Enquanto
isso, um outro homem pega uma espingarda calibre 12 mm na caminhonete e chega
atirando. As vítimas tentam correr e são atingidas já fora do bar.
Após a execução, os homens pegam o dinheiro que está em uma das mesas de
sinuca e outros objetos pelo bar e fogem em uma caminhonete que estava
estacionada em frente do bar.
Além dos suspeitos, nove pessoas estavam no local. Seis morreram no bar
e um homem foi socorrido em estado grave pelo Corpo de Bombeiros. Ele morreu à
noite no hospital.
Os dois suspeitos fugiram do local, mas na quarta-feira (22), eles foram
identificados. Após a repercussão do caso, uma força-tarefa foi mobilizada
envolvendo o Batalhão de Operações Especiais (Bope). Segundo a Polícia Militar, Ezequias morreu em confronto com os
policiais do Bope. Já Edgar se entregou à Polícia Civil nesta quinta-feira (23),
e permanece preso.
Cronologia do crime
- O suspeito Edgar e a vítima Getúlio
combinaram, dias antes, de jogar sinuca, apostado, no bar onde o crime
ocorreu.
- Na manhã dessa terça-feira (21), os dois
iniciaram as apostas. Edgar perdeu cerca de R$ 4 mil e foi para casa.
- Getúlio continuou no bar, junto com a esposa e
a filha, onde almoçaram e ficaram conversando com amigos.
- Durante a tarde, Edgar voltou na companhia de
Ezequias e desafiaram Getúlio novamente.
- O clima no local era tranquilo e não houve
discussão ou qualquer outra desavença, segundo testemunhas relataram ao
delegado.
- A dupla perdeu mais partidas para Getúlio.
Edgar fica revoltado, joga o taco de sinuca na mesa, dá um sinal para
Ezequias, que rende todas as pessoas, enquanto o comparsa pega uma
espingarda no carro.
- Ezequias dá um tiro em Bruno, dono do bar, e
depois um tiro pelas costas do Getúlio, que cai, e recebe mais dois
disparos na cabeça.
- Enquanto isso, Edgar dispara nas outras
vítimas que estavam no local.
- Três pessoas correm para fora do bar, entre
elas a adolescente, mas são atingidos pelas costas e morrem. Uma conseguiu
fugir.
- Após a execução, os homens pegam o dinheiro
que está em uma das mesas de sinuca e outros objetos pelo bar e fogem em
uma caminhonete que estava estacionada em frente ao local.
G1
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