O programa de renegociação de dívidas a ser lançado pelo governo federal terá como foco endividados que ganham até dois salários mínimos.
Batizado de Desenrola,
o programa deve ser lançado em fevereiro com potencial de atender cerca de 40
milhões de pessoas.
A GloboNews apurou que
um fundo com recursos da União será utilizado para honrar as dívidas dos
endividados em caso de inadimplência.
Dessa forma, o risco
para os bancos seria menor e o programa seria mais atrativo para as
instituições financeiras.
O Desenrola foi uma promessa de
campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As conversas entre Ministério da Fazenda, instituições financeiras e birôs de
crédito para implementação da medida estão avançadas.
Faixas do programa
Segundo o presidente da
Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, serão foco do programa
as pessoas que ganham até 2 salários mínimos e que estão inadimplentes, ou
seja, negativadas. Ele calcula que há de 35 milhões a 40 milhões de pessoas
nessa situação.
Nessa faixa
específica, o programa contará com dinheiro do Tesouro. Um fundo que deve
garantir 100% da inadimplência que venha a ocorrer.
O programa, segundo
Sidney, também deve ter uma segunda faixa de contemplados – composta por
aqueles que ganham mais de três salários mínimos. Nesse segmento, os bancos
assumiriam o risco sozinhos, sem a garantia do Tesouro.
Na faixa de três
salários mínimos, o governo deve exigir que os bancos ofereçam um pouco de
crédito para terem direito a participar da faixa
de dois salários mínimos, que será praticamente de risco zero.
Valor da renegociação
Técnicos que acompanham o
planejamento do programa afirmam que, na faixa de dois salários mínimos, a
ideia é limitar a
renegociação de dívidas de até R$ 5 mil por negativado.
Além disso, a ideia é
que o programa como um todo só aceite renegociar dívidas contraídas até
dezembro de 2022.
O temor é que, se não
houver a data-limite, o programa acabe sendo um estímulo à inadimplência.
A equipe econômica,
afirmam fontes, ainda estuda se vai utilizar o mesmo fundo garantidor usado
para garantir os empréstimos do Pronampe – linha de crédito emergencial voltada
a micro e pequenas empresas criada durante a pandemia e que também conta com
recursos do Tesouro. Existe a possibilidade de criação de um novo fundo.
Técnicos da equipe
econômica estimam que cerca de R$ 8 bilhões – que hoje estão no fundo
garantidor do Pronampe – seriam suficientes para garantir a primeira etapa do
programa.
Mas o governo não pode
deixar o Pronampe muito desguarnecido, então, a União
colocaria mais um pouco de dinheiro.
Perfil das dívidas
Dados da Serasa, referentes a
outubro de 2022, compilados pela Febraban, apontam que o país tem 69,1 milhões
de negativados, o equivalente a 42,6% da população adulta.
São dívidas que somam R$ 301,5
bilhões e que estão distribuídas da seguinte maneira:
- 14,9% nas financeiras
- 28,8% nas instituições bancárias
- 66,3%
nas demais empresas, como varejistas, companhias de energia elétrica,
água, gás e telefonia
Portanto, a ideia é que bancos
comprem essas dívidas com desconto e ofereçam condições mais benéficas de juros
e prazo para o consumidor quitar o débito.
Site
Segundo a Febraban, a ideia é criar
um portal no qual o negativado insira o seu CPF.
A partir daí, a base de dados dos
birôs de crédito vai identificar quais dívidas em atraso a pessoa tem e com
quais empresas e instituições.
As empresas serão, então, chamadas e
terão de conceder um desconto mínimo em relação àquela dívida.
Nesse momento, os bancos farão
ofertas para assumir aquele débito. O banco que oferecer a melhor condição será
o selecionado. g1
Registe-se aqui com seu e-mail
ConversãoConversão EmoticonEmoticon