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* Com paralisação, paciente espera cirurgia há 16 dias no Hospital Walfredo Gurgel.

 O analista de dados Eduardo Bezerra, 36 anos, se acidentou enquanto trafegava de moto no último dia 19 de dezembro. O acidente lhe rendeu uma fratura no platô da tíbia, que tem a necessidade de uma cirurgia, mas que ainda não foi feita. Inicialmente, ele foi internado no Hospital Walfredo Gurgel e depois encaminhado ao Memorial São Francisco, onde está há onze dias e sem previsão para a realização do procedimento. O que impede é a paralisação dos anestesistas que já dura há 20 dias. A Cooperativa dos Anestesiologistas alega falta de pagamento da Prefeitura de Natal e do Governo do Estado.

O paciente já fez todos os exames necessários pré-operatório e já tem o médico cirurgião escalado. Porém, há a necessidade de aplicação de anestesia na cirurgia e não há profissional para fazer o serviço. Isso porque os médicos especialistas da área e que prestam serviços pela Cooperativa dos Anesteseologistas do RN (Coopmed-RN) suspenderam os serviços eletivos para pela rede do Sistema Único de Saúde (SUS).

Sem previsão para fim da paralisação e sem saber quando vai fazer a cirurgia, Eduardo Bezerra diz que o pior é precisar do procedimento e não ter a definição de uma data para tal. Associado a isso, a lesão dele pode se intensificar com o passar do tempo.

“Quando será que eu vou conseguir fazer? E tem o agravante: após 15 dias sem cirurgia o osso começa a calcificar. Com isso, ao invés de o médico fazer uma cirurgia, ele vai ter que fazer duas. Porque vai ter que raspar o osso, fechar e esperar um tempo para fazer outra cirurgia”, detalhou o paciente.

Além disso, ele confessa que a espera tem afetado também a rotina dos seus familiares que precisam se revezar como acompanhantes. Como trabalha durante a semana, a esposa dele tem passado os sábados e domingos com o marido, enquanto cunhados, tios e a sogra fica com ele nos outros dias.

“Eu já falei para minha esposa que se essa cirurgia não sair esta semana eu não vou mais conseguir ficar aqui e vou ter que dar um jeito de conseguir fazer particular. E isso é o meu caso, agora imagina a galera que não tem como dar um jeito. Tem gente aqui pagando acompanhante a R$ 150 uma noite, tem quem desloca a família para acompanhar porque esses pacientes não podem ficar sozinhos. Então não se está mexendo com uma vida, mas de dois, três, quatro, de uma família inteira”, afirma Eduardo Bezerra.

Mesmo na dificuldade, o analista de dados se solidariza com outros pacientes que conheceu nesse período. “É cada história aqui dentro”, afirma ele. Só no quarto onde está internado, ele já conheceu mais quatro pessoas que estão na mesma situação que a dele. “A sensação que se tem é que você está simplesmente largado, que ninguém vai fazer nada e que essa greve não vai acabar tão cedo”, disse.

Paralisação

A paralisação dos profissionais da Coopanest começou no dia 15 de dezembro do ano passado. Os anesteseologistas cooperados reivindicam o pagamento de parcelas em atraso do Governo do Estado e da Prefeitura do Natal.

A Coopanest informou que as parcelas do governo estadual referentes aos meses de julho e agosto, o que representaria R$ 2.063.559,90 na amortização da dívida, estão atrasadas. A reportagem da TRIBUNA DO NORTE entrou em contato com a Secretaria Estadual da Saúde Pública (Sesap), que afirmou que o valor está fechado para trâmite financeiro. A previsão da pasta é que o dinheiro seja entregue à cooperativa até o dia 15 de janeiro.

Já a Prefeitura do Natal, desde o início da suspensão dos atendimentos, fez dois depósitos no valor total de R$ 1.424.186,67, referentes a dois meses do contrato. A Coopanest diz que ainda foi deixado em aberto o repasse dos procedimentos de média e alta complexidade, que são de responsabilidade do governo federal no valor de R$ 1.259.392,89.

A paralisação dos anesteseologistas suspendeu o atendimento de cirurgias e exames eletivos. Nesse período, os profissionais mantiveram os serviços de urgência e emergência, além das escalas de plantão. De acordo com estimativa da Coopanest, a média mensal é de 5,2 mil procedimentos atendidos no contrato. Nas unidades com profissionais da cooperativa, também estão suspensos os exames eletivos que necessitam de aplicação de anestesia nos pacientes. Por Tribuna do Norte.

Sofrimento.

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