Uma das advogadas assediadas por um policial
penal afirmou nesta quinta-feira (3), em entrevista à TV Verdes
Mares, que o servidor ofereceu R$ 2 mil para a advogada sair com ele. Jéssica
Rodrigues afirmou que o agente a convidou para jantar e que daria o dinheiro
caso ela fizesse um programa com ela.
"Ele perguntou se eu queria sair para jantar com ele e eu disse que
não. Foi quando ele baixou o nível: 'Eu quero sair com você, eu pago R$ 2 mil
pelo programa.' Eu disse: 'Olha, você está confundindo as coisas, eu não sou
garota de programa, eu sou advogada", afirmou.
Jéssica Rodrigues disse que recebeu uma ligação e pensava que ele queria atendimento jurídico. "Eu recebi uma ligação de número confidencial, até aí eu já achei estranho, até aí eu atendi. Quando eu atendi a ligação, ele me disse 'estou precisando do seu atendimento'. Obviamente eu sou advogada, eu achei que ele quisesse um atendimento jurídico. Eu disse 'sim, pode falar'", afirmou.
Assédio durante um ano
Segundo as advogadas, o homem ligava com número oculto para as vítimas e
também mandava mensagens através de um perfil falso nas redes sociais. Uma das
mulheres diz sofrer assédios constantemente há um ano — mesmo período de tempo
em que as outras vítimas foram assediadas pela primeira vez.
A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) informou que denúncias
contra agentes públicos do sistema prisional são encaminhadas à Controladoria
Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário
(CGD) para que sejam apuradas e assim tomadas as devidas providências.
Em nota, a Controladoria Geral de Disciplina informa que o caso é
investigado. "Diligências estão em andamento para apuração dos fatos. O
caso segue em sigilo pela natureza dos fatos e a intimidade da vítima",
diz o órgão. "A Controladoria determinou, ainda, a instauração de
procedimento administrativo disciplinar", acrescenta.
Mais de 30 ligações
Advogada fez cópia das conversas em
que policial penal cometia assédio — Foto: Arquivo pessoal
“Nas ligações, o interlocutor falava diversas imoralidades, que estava
se ‘masturbando’, que ia fazer isso e aquilo comigo. De início eu esculhambava,
pedia para me deixar em paz. No entanto, ele insistia chegando a ligar mais de
30 vezes. Essa situação não parou, pelo contrário, foi se agravando”, relatou a
vítima.
Foi esta vítima quem conseguiu convencer o suspeito a realizar uma
videochamada, nesta segunda-feira (31), e capturou a imagem do rosto do homem —
posteriormente identificado como agente penitenciário da Casa de Privação
Provisória de Liberdade Professor Clodoaldo Pinto (CPPL 2), em Itaitinga, na
Região Metropolitana de Fortaleza. Ele aceitou a videochamada após
ela fingir que estava interessada nas propostas dele.
“Agi por conta própria para tentar identificar o assediador e desta
forma fingi que queria e pedi a ele para fazer uma chamada de vídeo. Consegui
então a foto e hoje buscamos os órgãos competentes para punir o agressor. Ainda
estou muito abalada, pois as palavras de assédio são de extremo grau de ofensa,
imoralidades e ainda pelo visível grau de descaso que o agente apresenta,
demonstrando não temer a justiça e agindo como um maníaco sexual”, complementou
a vítima.
“Toda vez que ela saía para realizar os atendimentos penitenciários,
acontecia essas ligações com palavras do mais baixo calão possível. Perguntando
quanto era o 'programa' dela, dizendo que ela estava muito linda com roupa tal.
Aí ela começou a observar [como acontecia]”, explicou Raphaele Farrapo,
advogada que representa uma das vítimas. g1
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