O candidato do PT à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, disse nesta segunda-feira (24) que o presidente Jair Bolsonaro "é um mentiroso compulsivo que não tem controle" e que "despreza aliado" ao tentar se desassociar do ex-deputado Roberto Jefferson, preso no domingo (23) após atirar e jogar granadas contra policiais.
Jefferson atirou contra
policiais que tentavam cumprir mandado de prisão ordenado pelo
ministro Alexandre de Moraes,
do Supremo Tribunal Federal (STF). Dois agentes
ficaram feridos. Horas depois, o ex-deputado se entregou.
Ainda no domingo, Bolsonaro tentou se
desassociar do aliado. O presidente condenou o ataque feito por Jefferson,
afirmou que não é amigo do ex-deputado e que não havia uma foto dos dois juntos.
Entretanto, há diversos registros de
encontros entre Bolsonaro e Jefferson.
"Todo mundo já conhece o
presidente da República. Ele sinceramente me parece que a primeira palavra que
ele aprendeu quando começou a falar foi 'fake news'. Só pode ser, porque o
cidadão não pode achar que o Brasil é composto por 215 milhões de imbecis. Ele
só pode pensar isso porque a desfaçatez com que ele despreza um aliado, um
aliado de todas as horas, que esteve com ele todas as horas, que esteve com ele
nas eleições, que esteve com ele ofendendo a Suprema Corte, ofendendo a Justiça
Eleitoral, de repente ele fala que não conhece, chama o rapaz de bandido, um
cara que é um aliado dele", disse Lula durante entrevista nesta segunda.
"[Bolsonaro] é um mentiroso
compulsivo que não tem controle. A sociedade tem uma chance no dia 30 de outubro
que é tentar restabelecer a normalidade nesse país", completou o petista.
Lula afirmou ainda que o episódio
envolvendo Roberto Jefferson "é praticamente a fotografia, o resultado do
que acontece no governo Bolsonaro" e que é preciso "restabelecer a
normalidade no Brasil."
“O que eu espero, na verdade, é que o
que aconteceu ontem seja um ensinamento para a sociedade brasileira perceber
que é preciso esse país voltar a ser um país democrático. Nós temos que
restabelecer a normalidade no Brasil com uma certa urgência", disse o
petista.
"O que nós estamos tentando
convencer o povo é que essa eleição não é entre dois partidos políticos, entre
dois seres humanos. Essa eleição é uma eleição que vai definir se a gente quer
viver num regime democrático ou se a gente quer viver numa barbárie, num
neofascismo. É isso que está em jogo. Se a gente quer votar num país que
distribuía livros, ou num país que distribua armas", completou ele.
'Sensatez'
Durante a entrevista, Lula foi questionado sobre qual reação espera de
Bolsonaro, caso o petista seja eleito.
O candidato do PL tem
levantado suspeitas infundadas sobre o sistema eleitoral e dito que aceitará o
resultado das eleições "desde que sejam limpas".
Lula afirmou esperar que Bolsonaro tenha "um minuto de
sensatez" e telefone para ele "aceitando o resultado da eleição"
se for derrotado.
"Eu espero que, eu ganhando as eleições, ele [Bolsonaro] tenha um minuto de sensatez, pegue o telefone e me telefone aceitando o resultado da eleição. É assim que a gente procede no Brasil desde que eu fui candidato pela primeira vez em 1989", afirmou Lula
O candidato do PT disse ainda que a suspeição que Bolsonaro colocou
sobre a urna "não tem procedência" e lembrou que o adversário foi
eleito várias vezes pelo sistema eletrônico.
Outros pontos
Lula também declarou que, se for eleito, dará "mais crédito"
para a agricultura familiar e investirá em estoques reguladores de alimentos,
como forma de baratear o preço da comida no país.
Em relação à inflação dos alimentos, o petista disse que Bolsonaro tenta
"botar a culpa" na guerra da Ucrânia, que dificultou o acesso a
fertilizantes para a produção agrícola. Para Lula, no entanto, a
"culpa" é da "incompetência" de Bolsonaro.
Na entrevista, o petista também disse que no próximo domingo (30) os eleitores vão escolher entre a democracia e a "barbárie" de Bolsonaro. E acrescentou que o candidato do PL "não respeita ninguém" e "vive em função da família dele". g1
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