Pouco antes do discurso de Jair Bolsonaro na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, o locutor Cuiabano Lima afirmou que havia 100 mil pessoas presentes.
Mais do que depressa, um militar fardado apareceu atrás dele e, ao pé do ouvido, ordenou que o número fosse corrigido para nada menos que 1 milhão de pessoas — um dado que não é confirmado pelas autoridades do Distrito Federal encarregadas de organizar a segurança do evento (veja o vídeo logo abaixo).
“Aqui hoje na Esplanada mais de 100 mil pessoas. É o povo brasileiro que clama por liberdade”, disse o locutor, conhecido por suas participações nos maiores rodeios do país, que fazia as vezes de mestre de cerimônia.
Foi justamente quando o militar apareceu atrás dele levando o número supostamente “corrigido”. Cuiabano, então, realinha o discurso de pronto: “Aqui na minha frente 100 mil, mas em toda a Esplanada, chegou os dados (sic), 1 milhão de pessoas aqui, 1 milhão de brasileiros”.
O militar em questão é ninguém menos que o ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o coronel do Exército Mauro César Barbosa Cid, conhecido no Palácio do Planalto como um dos mais radicais auxiliares do presidente.
Mauro Cid aparece largamente nas investigações abertas pelo Supremo Tribunal Federal para apurar a organização de atos antidemocráticos e a difusão de fake news por grupos ligados a Bolsonaro.
Como ajudante de ordens, ele está sempre próximo a Bolsonaro e costuma ser o responsável por tarefas que vão desde as mais comezinhas, como carregar o telefone particular do presidente, até algumas mais delicadas, como repassar orientações em nome dele e fazer a ponte com alguns dos principais aliados do Planalto.
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