O presidente Jair Bolsonaro (PL) revogou ao menos 25 decretos de luto oficial publicanos por outros governos de 1992 a 2009. O cancelamento foi determinado em ato que extingue os efeitos de 304 decretos sobre diferentes temas. As revogações são tratadas pelo Executivo como uma forma de “desburocratização”. A cada 100 dias de governo, o presidente assina norma que cancela os efeitos de várias outras.
Na lista de personalidades que tiveram suas homenagens de pesar canceladas, estão o empresário Roberto Marinho, então presidente das Organizações Globo; o antropólogo e cientista político Darcy Ribeiro; o bispo católico Dom Helder Câmara e o Frei Damião de Bozano.
De acordo com a Secretaria Geral da Presidência, o governo já alcançou a marca de mais de 5.400 decretos revogados desde 2019. O objetivo é o “processo contínuo de organização e racionalização normativa”. Em novembro de 2020, Bolsonaro incluiu nas revogações 25 determinações de luto oficial no país. Esse tipo de ato simbólico tem efeito imediato a partir da data em que são assinados. Geralmente duram de 1 a 3 dias, podendo ser de 7 para personalidade de grande relevância.
A maior parte dos lutos oficiais revogados foi dos governos de Fernando Henrique Cardoso, com 12 decretos entre 1995 e 2000. Outros 10 foram da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva e 3 de Itamar Franco.
Alguns políticos também tiveram os decretos de luto revogados: ex-presidente da Câmara Luís Eduardo Magalhães e de seu pai, senador Antônio Carlos Magalhães. O presidente também revogou as homenagens feitas às vítimas de dois acidentes aéreos: do voo 1907, da Gol (2007) e vítimas do acidente do voo 3054, da TAM (2007). Leia a lista completa ao final da reportagem.
Quando são editados, os atos determinam que a bandeira nacional fique a meio mastro em todo o país durante os dias previstos.
Na gestão Bolsonaro, o presidente se destaca por ter decretado luto oficial em homenagem ao astrólogo Olavo de Carvalho nesta semana e ao ex-vice-presidente da República Marco Maciel, que morreu em 12 de junho de 2021. Na comparação, levantamento feito pelo mostrou que o ex-presidente Lula foi o chefe do Executivo que mais fez esse tipo de homenagem: 22 vezes. O petista é seguido de FHC (17) e Dilma Rousseff (10).
Leia a lista de decretos de luto oficial revogados por Bolsonaro e as personalidades que homenageavam:
- 14.out.1992 – Severo Fagundes Gomes, política e Conselheiro da República;
- 13.nov.1992 – João Leitão de Abreu, jurista e ex-ministro do STF;
- 5.ago.1993 – Rei Balduíno I da Bélgica;
- 18.set.1995 – Antônio Marques da Silva Mariz, governador do Estado da Paraíba;
- 6.nov.1995 – Yitzhak Rabin, primeiro ministro de Israel;
- 12.fev.1997 – Mário Henrique Simonsen, economista e ex-ministro da Fazenda;
- 18.fev.1997 – Darcy Ribeiro, ex-senador, historiador e cientista político;
- 2.jun.1997 – Pio Gianotti (Frei Damião de Bozzano);
- 20.abr.1998 – Sérgio Roberto Vieira Da Motta, ministro de Estado das Comunicações;
- 22.abr.1998 – Luís Eduardo Magalhães, expresidente da Câmara;
- 8.fev.1999 – Hussein Bin Talal , Rei do Reino Hachemita da Jordânia;
- 16.jul.1999 – André Franco Montoro, exgovernador de São Paulo;
- 30.ago.1999 – Bispo Dom Helder Câmara;
- 16.jul.2000 – Barbosa Lima Sobrinho, exgovernador de Pernambuco;
- 10.out.2001 – Roberto Campos, ex-ministro do Planejamento de JK e ex-presidente do BNDES’
- 6.ago.2003 – Roberto Marinho, jornalista e empresário do Grupo Globo;
- 19.ago.2003 – Sérgio Vieira de Mello, exrepresentante Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas para o Iraque’
- 20.nov.2004 – Celso Furtado, economista e ex-ministro de Estado;
- 13.ago.2005 – Miguel Arraés, ex-governador de Pernambuco;
- 2.out.2006 – Vítimas de acidente do voo 1907, da Gol;
- 30.abr.2007 – Octavio Frias, empresário do Grupo Folha;
- 17.jul.2007 – Vítimas do acidente do voo 3054, da TAM;
- 20.jul.2007– Antônio Carlos Magalhães, Júlio César Redecker e Nélio Silveira Dias, ex-senador e ex-deputados federais, respectivamente;
- 11.dez.2007 – Ottomar Pinto, ex-governador de Roraima.
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