O candidato de esquerda Gabriel Boric foi
eleito presidente do Chile neste domingo (19). Aos 35 anos, Boric é deputado e
ex-líder estudantil e está filiado ao partido Convergência Social. O adversário
nas urnas foi o advogado José Antonio Kast, de extrema-direita e filiado ao
Partido Republicano. Kast já reconheceu a derrota e ligou para Boric para
parabenizá-lo pela vitória.
Boric havia ficado em
segundo lugar no primeiro turno, com 25,82%. Já Kast teve 27,91%.
Neste domingo (19), as
urnas abriram às 8h (horário de Brasília) e fecharam às 18h, quando a apuração
dos votos começou.
Polarização
Gabriel Boric, de esquerda, e
José Antonio Kast, de extrema-direita, representaram lados opostos do espectro
político e disputaram cada voto do eleitorado.
Boric representa uma esquerda progressista revitalizada, que cresceu muito desde os protestos de 2019. Já Kast fundou o ultraconservador Partido Republicano e avalizou a mensagem "lei e ordem".
Além disso, Boric é liberal em temas sociais e defendeu "um Estado de bem-estar" ao estilo europeu na área econômica. Kast apoia um modelo econômico neoliberal e tem uma visão ultraconservadora em temas sociais, com oposição ao aborto e ao casamento de pessoas do mesmo gênero.
Ambos candidatos fizeram
adequações às propostas para o governo desde quando passaram para o segundo
turno, com o objetivo de deixá-las mais moderadas e atrair o voto moderado.
Alguns pontos do
programa de governo de Boric:
- foca em três
reformas que ele considera essenciais: previdência, saúde e educação
- outras três
temáticas que permeiam as propostas: feminismo, crise climática e trabalho
digno
- amplia a
participação do Estado para o bem-estar social
- há elementos
mais moderados em seu programa, como a reforma tributária
- mudança do
sistema de pensões
Alguns pontos do programa de
governo de Kast:
- redução dos
impostos às grandes empresas
- redução dos
gastos fiscais
- desregulamentação
dos mercados
- privatização
de empresas
- manutenção do
sistema de pensões
Contexto
O novo presidente governará
um país com uma nova Constituição, agora em elaboração, e marcado pela inflação
crescente nos últimos dois anos.
Trata-se da primeira
eleição presidencial desde que o país foi abalado pelos protestos generalizados
contra a desigualdade que renderam meses de marchas e episódios de violência
nas ruas, em 2019.
As eleições presidenciais de 2021 também foram as primeiras em 16 anos sem Sebastián Piñera nem Michelle Bachelet como
candidatos a presidente.
Piñera é o atual presidente, mas enfrenta forte rejeição popular e acabou de escapar de um processo de impeachment. Já Bachelet é hoje alta comissária da ONU para os Direitos Humanos.
Voto facultativo
No Chile, o voto é
facultativo. Nas duas últimas grandes eleições, a participação não passou de
50% do total de eleitores.
Há quatro anos, em
2017, quando Piñera foi eleito, os índices de comparecimento às
urnas foram bem baixos. No primeiro turno daquelas eleições, apenas 46% dos
eleitores compareceram. No segundo, foram 48%.
Já no primeiro turno destas eleições, a participação do eleitorado foi de 47%.
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