O FINADO MANOEL
O lendário Valdetário Carneiro também teve seu dia mais descontraído
quando acabou contribuindo para os Causos de Caraúbas.
Ia ele na sua pick up possante na zona rural de Apodi, quando já próximo
da cidade, um senhor, meio alquebrado pelos anos, acenou pedindo carona.
Valdetário prontamente atendeu o pedido, abriu a porta e facilitou a entrada do
passageiro. Já aboletado e no conforto do ar condicionado o senhor começou a
puxar conversa:
“ O senhor vai pro Apodí?” “Vou sim”, respondeu Valdetário. “Vou tratar
de negócios no Banco”. Aí o carona por gratidão resolveu dar uma de
conselheiro: “ O senhor tenha cuidado. Se vai tirar dinheiro no Banco e andando
nesse carrão, aqui por essas bandas, há muita gente perigosa por aí. Tem um tal
de Valdetário Carneiro de muita fama na região que pode ser um grande risco,
principalmente pra quem é de fora.”
Valdetário riu da situação e até agradeceu: “Obrigado, eu vou ficar
atento”. Em seguida devolveu a pergunta: “E o senhor não tem medo de estar
sozinho nessa beira de estrada? E se de repente lhe aparece o tal do Valdetário
Carneiro?” . “Ele que venha” completou o carona com aquela valentia de quem se
sente em confortável distância do perigo. E ainda acrescentou “ Um homem nasceu
pra outro”.
Chegados ao destino, o carona já ia descendo quando resolveu fazer mais
uma pergunta em meio aos agradecimentos: “Obrigado por tudo senhor. Vá com
Deus. Mas como é mesmo o seu nome?” Com toda naturalidade Valdetário respondeu:
“Eu sou Valdetário Carneiro. E o senhor , como se chama?”
Branco como um capucho de algodão, suando por todos os poros, com as
pernas trêmulas e a voz embargada, o carona mal conseguiu balbuciar: “Eu sou o
finado Manoel”.
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