Depois que
o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, suspendeu a orientação para vacinar
adolescentes entre 12 e 17 anos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) informou que ainda não há motivos para mudar a recomendação sobre a
vacina da Pfizer/Biontech. A entidade emitiu nota sobre o assunto no
início da noite desta quinta-feira (16).
No
comunicado, a Anvisa diz que investiga o caso da morte de uma adolescente de 16 anos após aplicação da
vacina da Pfizer, reportado nessa quarta-feira (15). A agência
afirma, no entanto, que ainda não há relação de causa e efeito definida. “No
momento, não há uma relação causal definida entre este caso e a administração
da vacina. Os dados recebidos ainda são preliminares e necessitam de
aprofundamento para confirmar ou descartar a relação causal com a vacina”, diz
o texto.
“A
Anvisa já iniciou avaliação e a comunicação com outras autoridades públicas e
adotará todas as ações necessárias para a rápida conclusão da investigação.
Entretanto, com os dados disponíveis até o momento, não existem evidências que
subsidiem ou demandem alterações nas condições aprovadas para a vacina”,
informa a nota.
Segundo
a Anvisa, a utilização da vacina da Pfizer para crianças e adolescentes entre
12 e 15 anos foi aprovada em 12 de junho de 2021. Para essa aprovação, foram
apresentados estudos de fase 3, dados que demonstraram sua eficácia e
segurança.
“Para
as conclusões sobre eficácia, foram considerados 1.972 adolescentes vacinados.
A eficácia da vacina observada foi de 100% para indivíduos sem evidência de
infecção prévia por SARS-CoV-2, antes e durante o regime de vacinação, e 100%
para aqueles com ou sem evidência de infecção prévia por SARS-CoV-2, antes e
durante o regime de vacinação”, afirma a agência.
Ministro
da Saúde
Após a publicação do comunicado da Anvisa, o ministro da Saúde,
Marcelo Queiroga, reiterou que a decisão anunciada pela pasta mais cedo
continua valendo e pediu para que os estados respeitem a orientação.
"A Anvisa é a Anvisa e o Ministério da Saúde é o Ministério
da Saúde", afirmou Queiroga na saída da sede da pasta, logo após voltar de
uma breve reunião com representantes da agência reguladora.
Suspensão
da vacina para adolescentes
O ministro Marcelo Queiroga confirmou em coletiva na tarde desta
quinta-feira (16) que o governo federal decidiu suspender a recomendação de
vacinar irrestritamente adolescentes entre 12 e 17 anos. Agora, a orientação do
Ministério é que só sejam vacinadas pessoas nessa faixa etária com deficiências
permanentes, comorbidades ou privadas de liberdade.
Em 2 de setembro,
o Ministério havia publicado uma nota informativa recomendando a vacinação de
todo esse público. Durante a coletiva, Queiroga afirmou que
"de forma intempestiva" quase 3,5 milhões de crianças e adolescentes
entre 12 e 17 anos receberam a vacina. Desse total, 1,5 mil apresentaram
eventos adversos.
A crítica do chefe da pasta é que os estados iniciaram as
aplicações antes da data prevista na nota técnica anterior. Secretários de
Saúde demonstraram surpresa pela suspensão da imunização de crianças e
adolescentes sem uma deliberação tripartite. "Quem fica surpreso sou eu.
Porque a vacinação deveria iniciar no dia 15 [de setembro] e, inclusive, foram
feitas imunizações com vacinas fora das recomendações da Anvisa."
O ministro explicou que a mudança foi feita "por conta dos
eventos adversos e porque o próprio Reino Unido retirou [...]. A evidência
científica não é sólida". Questionado pelo R7 sobre o motivo de
ter recomendado a aplicação em toda a faixa etária anteriormente, mesmo sem as
mencionadas evidências científicas, Queiroga justificou: "A decisão pode
ser baseada em especialistas. A medicina e a ciência são dinâmicas e a posição das
autoridades regulatórias sanitárias pode mudar", disse, exemplificando com
a suspensão anterior da vacina AstraZeneca no caso das gestantes.
Queiroga afirmou, ainda, que aqueles adolescentes que já tomaram
a primeira dose não devem completar o esquema vacinal, exceto se fizerem parte
dos grupos prioritários. A nova orientação vale "até que se tenha mais
evidências para seguir adiante".
Os adolescentes com comorbidades que receberam a primeira dose da vacina que não a da Pfizer também terão o esquema vacinal interrompido, segundo a recomendação do Ministério. "Não vou autorizar intercambialidade de doses nessa faixa etária", disse Queiroga.
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