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* CPI mostra fotos e diz ter evidências de que motoboy fez pagamentos para ex-diretor da Saúde.

Os Senadores da CPI da Covid apresentaram nesta terça-feira (31) fotos que, segundo eles, indicam que o motoboy Ivanildo Gonçalves da Silva fez o pagamento de ao menos quatro boletos em benefício de Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde.

Nas fotos, Ivanildo aparece entrando em uma agência do banco Bradesco em horários, dias e locais que constam em extratos de quitação das contas. Os pagamentos aconteceram em maio e junho deste ano. Roberto Ferreira Dias foi demitido do ministério em 29 de junho, após a acusação de ter cobrado propina pela aquisição de vacina pela Covid.

Senadores listaram os seguintes dias e valores em que os boletos foram quitados:

·         31 de maio, no valor de R$ 6 mil

·         22 de junho, no valor de R$ 6 mil

·         24 de junho, no valor de R$ 13,5 mil

De acordo com os parlamentares, há ainda provas de pagamentos de boletos em outros momentos e valores.

A cúpula da CPI pretende incluir as imagens em recurso contra a decisão do ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), que permitiu que Ivanildo não prestasse depoimento à comissão.

“São imagens reveladas pelo sistema de bancos que comprovam que no dia e na hora em que os boletos do Roberto Ferreira Dias estavam sendo pagos pela VTCLog, através do Ivanildo, o que comprova verdadeiramente o conluio existente no bastidor do Ministério da Saúde no exato enfrentamento à pandemia”, afirmou o relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL).

Líder do governo, o senador Fernando Bezerra (MDB-PE) perguntou como era possível garantir que o motoboy estava pagando um boleto do ex-diretor da Saúde.

“Esse é o pagamento do boleto porque a pergunta da CPI [para a agência] foi uma fotografia do exato momento em que o boleto estava sendo pago e se coincidia com a presença de Ivanildo na agência. Eis a comprovação”, respondeu Renan.

Ivanildo passou a ser considerado uma “testemunha-chave” da CPI após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificar uma movimentação atípica da VTCLog no valor de R$ 117 milhões nos últimos dois anos.

Desse total, o motoboy foi responsável por movimentar R$ 4,7 milhões, quase 5% do montante apontado pelo Coaf.

O órgão de controle ressaltou, no entanto, que não seria possível identificar o destinatário final das operações realizadas por Ivanildo.

“Acabamos de receber indícios veementes de que era o próprio Ivanildo que pagava os boletos de dívidas, junto à Voetur [empresa que é braço da VTCLog], do Roberto Ferreira Dias. Acabamos de receber”, afirmou Renan pouco antes de apresentar as fotografias.

O depoimento de Ivanildo estava previsto para esta terça, mas, na véspera, o ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), garantiu ao motoboy o direito de não comparecer à comissão.

A comissão, então, marcou de última hora o depoimento de Andreia Lima, diretora da VTCLog, mas a executiva informou que não poderia comparecer nesta terça.

Pedido de proteção ao motoboy

Após a exibição das imagens, senadores defenderam que a CPI garanta a proteção de Ivanildo.

A comissão já formalizou, no último dia 26, o pedido de segurança à Polícia Federal sob o argumento de que o motoboy é uma testemunha-chave e de que há “fundado receio” de que ele possa sofrer “constrangimentos físicos ou morais que possam, de qualquer modo, obstar ou prejudicar a realização de seu depoimento”.

No ofício encaminhado à PF, o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), ressaltou ainda que há um “quadro grave” e uma “urgência para que se resguarde a incolumidade física” de Ivanildo.

A empresa

A VTCLog é uma empresa de logística responsável pelo recebimento, armazenagem e controle de estoque de medicamentos. Entre as principais atribuições do grupo durante a pandemia do coronavírus está a de distribuir vacinas contra a Covid em todo o território nacional.

O grupo entrou na mira da CPI após a denúncia de que houve um sobrepreço em um aditivo do contrato firmado entre a VTCLog e o Ministério da Saúde.

Conforme revelou o Jornal Nacional, o Departamento de Logística da pasta aceitou pagar um valor 1.800% maior que o recomendado pela área técnica.

O contrato foi assinado pelo então diretor Roberto Ferreira Dias, exonerado do ministério em junho deste ano após a denúncia de que ele teria cobrado propina de US$ 1 dólar por dose de vacina para fechar negócio com uma empresa intermediária. Dias nega as acusações.

Será se isso é corrupção?
G1

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