A Polícia Federal prendeu na manhã deste domingo (18) Elaine Lessa, mulher do policial reformado Ronnie Lessa, apontado pela Polícia Civil como o homem que executou a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes.
Os
dois tiveram uma nova prisão decretada pela Justiça Federal do Rio de Janeiro
por tráfico internacional de armas. Elaine tinha deixado a cadeia na
sexta-feira (16), acusada de outro crime.
Encomenda no Galeão
As
investigações começaram após uma encomenda vinda de Hong Kong ter chamado a
atenção da Receita Federal no Aeroporto do Galeão, no Rio, no dia 23 de
fevereiro de 2017. O destinatário era a Academia Supernova, que funcionava na
comunidade de Rio das Pedras, na Zona Oeste da cidade, controlada pela milícia.
No
pacote, a Receita Federal encontrou 16 peças de fuzil AR-15.
O
Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público Federal
(Gaeco-MPF) e a Polícia Federal descobriram que Lessa e a mulher estavam por
trás da importação das peças.
Ronnie
está no Presídio Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, e vai à júri
popular como o executor da morte da vereadora Marielle Franco.
A decisão
Lessa
a e Elaine também viraram réus pelo crime de tráfico internacional de armas de
uso restrito. A Justiça Federal decretou uma nova prisão preventiva do casal.
A
defesa de Ronnie e Elaine Lessa afirmou que não teve acesso ao processo.
No
pedido de prisão feito à Justiça, o MPF destacou que "os quebra-chamas
ilegalmente importados pelos denunciados são acessórios tipicamente utilizados
em confrontos armados ou emboscadas".
E
explicou que a finalidade desta peça é "ocultar as chamas normalmente
decorrentes de disparos de armas de fogo, de moto a não revelar a posição do
atirador".
O
pedido de prisão diz ainda que "se pode deduzir que tais acessórios seriam
empregados em confrontos armados entre organizações criminosas que assolam o
Rio de Janeiro, ou na eliminação sumária e velada de inimigos e
desafetos".
A investigação sobre a importação das peças de fuzil foi
batizada de Operação Supernova, em referência à academia, que no cadastro da
receita Federal tem Ronnie Lessa e Elaine como sócios.
Apartamento
A investigação
esbarrou em outros elementos revelados no caso Marielle. Um deles é um prédio
em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O MPF afirma que um
apartamento de Ronnie Lessa no condomínio era o destino final da encomenda que
veio da Ásia em 2017.
No caso Marielle, a investigação apontou
que o mesmo apartamento era usado pelo PM reformado para a montagem de armas.
Um dia depois da prisão de Ronnie Lessa
pela morte de Marielle, em março de 2019, dois comparsas dele foram lá retirar
essas caixas.
Os investigadores do Caso Marielle
afirmam que o objetivo dos dois homens foi sumir com o armamento. Uma
testemunha contou, em depoimento, que as caixas com as armas foram jogadas no
mar.
A polícia suspeita que, entre essas
armas, pode estar a submetralhadora
usada para matar Marielle e Anderson, que nunca foi encontrada.
No último dia 9 de julho, Ronnie Lessa,
Elaine e outras três pessoas foram condenadas a quatro anos de prisão pelo
crime de obstrução de justiça, por atrapalhar as investigações do Caso Marielle
com o sumiço das armas.
Na sentença, o juiz manteve a prisão
apenas de Ronnie Lessa. Elaine e os outros condenados conseguiram o direito de
recorrer em liberdade.
Com isso, a mulher de
Lessa deixou a prisão sexta-feira à noite. Mas a liberdade durou pouco. Agora,
a Polícia Federal cumpriu o novo mandado de prisão contra ela, por tráfico
internacional de armas.
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