Com a perspectiva de
ver a bandeira do voto impresso derrotada no
Congresso, o presidente Jair Bolsonaro subiu o tom das críticas ao atual
sistema de urna eletrônica nesta quinta-feira, 8, e fez novas ameaças. "Ou
fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições", disse ele a
apoiadores, em frente ao Palácio da Alvorada.
A escalada de
críticas e acusações de Bolsonaro à urna eletrônica, sem apresentar provas,
ocorre num momento de queda de popularidade e desgaste do governo diante das
denúncias de corrupção na CPI da Covid. Na terça-feira, 6, também em conversa
com eleitores, o presidente havia dito, mais uma vez, que o voto no Brasil é
fraudável. "Se não tiver o voto impresso, não interessa mais o voto de
ninguém", afirmou.
Em transmissão ao vivo nas redes
sociais, há uma semana, Bolsonaro disse que, se for derrotado nas eleições de
2022, só entregará a faixa presidencial se o seu adversário tiver vencido de
"forma limpa", termo também usado por ele nesta quinta. "Eu
entrego a faixa presidencial para qualquer um que ganhar de mim na urna de forma
limpa. Na fraude, não. Vamos para o voto auditável. Esse voto 'mandrake' aí não
vai dar certo. Nós vamos ter um problema seriíssimo no Brasil", insistiu
ele na live.
Dias depois,
Bolsonaro acusou o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto
Barroso, de fazer articulações no Congresso contra a aprovação da emenda que
permite o voto impresso - chamado por ele de "voto auditável" - nas
eleições de 2022. A votação da proposta estava prevista para esta quinta-feira,
mas foi adiada para o próximo dia 15, na Comissão Especial da Câmara que
analisa o assunto. "Não podem botar em votação (agora)
porque vão perder, por causa da interferência do ministro Barroso. Um péssimo
ministro", criticou.
Em campanha à reeleição, Bolsonaro
tem dito que, se o voto impresso não for aprovado, pode haver uma
"convulsão social" no Brasil porque "no tapetão não vão
levar". Na prática, ele criou um discurso preventivo para justificar uma
eventual derrota nas urnas. As últimas pesquisas indicam que, se as eleições
fossem hoje, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva venceria Bolsonaro.
"Algum lado pode não aceitar o
resultado. Esse, obviamente, é o nosso lado", disse o presidente, em
entrevista à Rádio Guaíba, nesta quarta-feira, 7. "A democracia está
ameaçada por alguns de toga, que perderam a noção de até onde vão seus
direitos, seus deveres".
A Secretaria de
Comunicação do TSE informou ao Estadão que
Barroso está em um compromisso acadêmico fora do Brasil "e pediu para não
ser incomodado com mentiras e miudezas".
Em mais de uma ocasião, Bolsonaro disse que as eleições presidenciais de 2018, e também as de 2014, foram fraudadas. Afirmou que apresentaria provas de que venceu no primeiro turno, e não no segundo, contra o ex-prefeito Fernando Haddad (PT). Até hoje, porém, ele nunca mostrou evidências do que diz.
Registe-se aqui com seu e-mail
ConversãoConversão EmoticonEmoticon