Imagens
obtidas pelo Metrópoles mostram o aconselhamento do chamado
“ministério paralelo” sendo feito diretamente ao presidente Jair Bolsonaro (sem
partido) – com trechos explícitos de ressalvas à aplicação de vacinas. Trechos
de uma reunião, ocorrida em 8 de setembro, também confirmam que Arthur Weintraub intermediava os
contatos entre o grupo e o Palácio do Planalto.
Entre os
participantes do encontro, estão a imunologista Nise Yamaguchi,
o deputado Osmar Terra,
o virologista Paolo Zanoto e outros médicos de diversas especialidades.
Confinados em uma sala de reuniões do Planalto, nenhum dos profissionais usa
máscara.
As imagens também apontam Osmar Terra como o cacique intelectual do
grupo. “Uma honra trabalhar com o senhor neste período” afirmou Nise Yamaguchi
ao deputado. Na CPI da Covid, ela negou a existência de um gabinete paralelo, e
disse que prestava apenas “aconselhamento”.
Tratado com deferência especial, o virologista Paolo Zanoto parece ter
intimidade com Bolsonaro. O presidente faz questão de que ele saia da plateia e
se sente ao seu lado. Para cumprimentá-lo, o presidente da República bate
continência.
Na ocasião, Zanoto aconselha Bolsonaro a tomar “extremo cuidado” com as
vacinas contra a Covid-19. “Não tem condição de qualquer vacina estar
realisticamente na fase 3”, diz. Na data do encontro, e-mails da Pfizer estavam sem
resposta nos computadores do Ministério da Saúde.
A orientação antivacina prossegue. “Com todo respeito, eu acho que a
gente tem que ter vacina, ou talvez não”, afirma o virologista, enquanto uma
médica balança a cabeça de forma negativa. Ele baseia sua argumentação em um
suposto problema dos coronavírus no desenvolvimento vacinal, sem apresentar
qualquer evidência.
Zanoto deu uma série de entrevistas durante a pandemia avaliando que não
seria “uma boa ideia” fazer vacinação em massa no Brasil. Em 8 de dezembro de
2020, por exemplo, em programa da RedeTV, o profissional, formado em biologia
na USP e com doutorado em virologia em Oxford, sustenta:
“Aqui
no caso do Covid-19, do Sars-CoV-2, isso é um vírus que causa muito mais
mortalidade em grupos etariamente bem definidos e com comorbidades. Então é
óbvio que, se você tem uma função, uma distribuição de risco, deveria ser
também uma distribuição de risco associada com, digamos assim, um incentivo a
essas pessoas se vacinarem. Por outro lado, vacinar em massa todo mundo não é
uma boa ideia, porque a gente não tem uma ideia muito boa de tudo o que
acontece com essas vacinas, pois elas não foram desenvolvidas em prazo razoável
para se estimar efeitos adversos de baixíssima frequência.”
As imagens também confirmam algo que o Metrópoles revelou
na semana passada. O ex-assessor especial da presidência Arthur Weintraub fazia
a ponte entre o “ministério paralelo” e Bolsonaro. Zanoto diz que encaminhou a
Weintraub a sugestão do que ele chama de “shadow board”, um grupo de supostos
especialistas em vacinas para aconselhar o governo sobre o tema.

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