O ex-ministro da
Saúde Luiz Henrique Mandetta, que presta depoimento à CPI da Covid nesta
terça-feira (4), afirmou que o ex-secretário especial de comunicação social da
Presidência da República Fabio
Wajngarten recusou a produção de uma campanha
formulada pelo Ministério da Saúde para conscientizar a população sobre as
medidas de prevenção contra o coronavírus.
"Nós começamos, com o
departamento de comunicação do Ministério da Saúde, a discutir uma campanha que
o Ministério da Saúde, com o seu orçamento, iria contratar, quando depois fomos
para esse segundo gabinete. O Secom, que era o Wajngarten, colocou que iria
fazer uma campanha, iria chamar artistas, enfim, que não ia ter custo, mas
acabou que a campanha que nós faríamos era uma campanha de conteúdo, explicando
as consequências. A campanha que eles iriam sugerir era uma campanha mais
ufanista, mais 'vamos todos vencer o vírus', 'verde e amarelo', aquela coisa
Brasil. O conteúdo da campanha, a informação é que desdobra qual é a informação
do governo, e eles não queriam dar a informação de que se você entrou em
contato [com alguém com Covid-19] fique em casa, não circule, não aglomere.
Aquilo era dúbio em relação ao presidente, aquilo imobilizou. O que me restava
era usar nossa tradição oral e conversar com as pessoas e chegar lá na ponta
mensagens limpas", disse.
Mandetta falou ainda que nenhum
ministro sabia que Bolsonaro chamaria a Covid-19 de "gripezinha" em
pronunciamento em cadeia nacional. "Me lembro que, quando o presidente fez
a famosa fala dele à nação chamando de 'gripezinha', no dia seguinte teve
reunião de ministros. Nenhum ministro sabia que ele faria uma fala, convocaria
as redes de rádio e televisão para às 20h. Foi uma surpresa para todos".
Respondendo a questionamentos da senadora Simone Tebet (MDB-MS) sobre falta de clareza do governo federal sobre os cuidados necessários durante a pandemia, Mandetta disse que, caso Jair Bolsonaro e equipe tivessem sido claros desde o início sobre as medidas de prevenção, e tivessem providenciado vacinas rapidamente, provavelmente a "segunda onda" de Covid-19 não teria ocorrido. "Essa segunda onda que nós estamos passando é o ápice desse tipo de decisão tóxica, equivocada. Se tivéssemos tido a oportunidade de dar exemplo, de fazer uma coisa que chama-se 'educação em saúde', 'promoção em saúde', que é feita não só pelo ministro, não só pelo presidente, é feita pelos ídolos, pelos atletas. Utiliza-se do que o país tem de melhor para unir. Eu acredito que teríamos tido uma onda muito menor. E, principalmente, se tivesse equipe técnica, tinha adquirido vacina e essa segunda onda não teria acontecido, teria sido suprimido por vacinas".
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