Na casa de Antônia Alves, a Dona Toinha, tem feijão verde para o almoço nos próximos dias. O preparo une a tradição e a simplicidade do sertanejo. É na área da casa onde tudo começa. Bacia na mão e a companhia do marido Francisco Zacarias para debulhar o feijão verdinho recém-chegado do roçado. Nessa época do ano, a debulha do veijão verde vira rotina por aqui.
O feijão veio do roçado na família, que fica a poucos quilômetros da
casa deles, na Comunidade Posto Agrícola, zona rural do município de Paraú, no
Oeste potiguar. A colheita começou esta semana. O feijão retirado do campo
ainda é pouco se comparado ao mesmo período do ano passado, diz a agricultora.
É que a falta de chuva regular atrapalhou o plantio.
"Eu fico muito satisfeita quando aparece o inverno e a gente planta
e tem o feijão pra pegar. Acordo bem cedinho, vou pro roçado apanhar o feijão e
quando chego, vou debulhar. Eu sempre gostei da vida da roça", festeja a
agricultora.
Os agricultores até chegaram a pensar que as plantas não iriam crescer e
a plantação não iria aguentar tanto tempo sem água. Mas a chuva se intensificou
na região e mudou a paisagem do roçado.
"A gente plantou no começo do ano e ficou sem chover depois. Nós
ficamos desanimados, mas a chuva veio, a gente plantou de novo e está dando
certo. Estamos agora colhendo e vamos fazer o que puder para ter mais feijão ao
longo do mês", comemora o agricultor Antônio Francisco, filho de Dona
Toinha.
Com o inverno tardio, o a família acredita que ainda deve colher uma
saca de feijão, cerca de 60kg do grão. No ano passado, quando o período de
chuva foi mais generoso, o agricultor colheu duas sacas de feijão. Alguns grãos
ainda estão guardados em casa, em garrafas pets, para não estragar. Mas o
agricultor não desanima e continua acreditando que o inverno ainda pode
surpreender este ano.
Depois que o trabalho de debulhar acaba é hora de colocar o feijão na
panela. E não tem muito segredo no preparo. Basta água e sal e em alguns
minutinhos no fogo o feijão tá pronto. Se quiser caprichar, manteiga da terra e
creme do sertão. "Eu gosto muito de feijão verde. Quando tem, quase todos
os dias eu coloco no fogo", conta Toinha.
Quem também não tem do que reclamar é o agricultor Antônio José. Ele
disse que aprendeu com o pai que agricultor deve plantar cedo, nas primeiras
chuvas. Arriscou e se deu bem. Na área de um hectare, o feijão está no ponto de
ser colhido. O agricultor estava ansioso aguardando o momento certo de começar
a retirar as vagens do roçado.
"Já tem milho maduro e o feijão apesar de ter dado mais fraco, já
estamos colhendo. Normalmente, a gente começa a colher no começo de abril, mas
por causa da chuva que não veio do jeito que a gente esperava, comecei a colher
já depois da metade do mês", explica o agricultor que segue aguardando
mais chuva na região.
"Enquanto durar o inverno, a gente tá aqui esperando pra colher. Se
Deus quiser, vem mais chuva por aí".
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