O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) descartou nessa quarta-feira (7) a adoção de um lockdown de caráter nacional para prevenir o contágio pelo novo coronavírus.
“Seria muito mais fácil atender e fazer, como alguns querem, da minha parte – porque eu posso – um lockdown nacional. Não vai ter lockdown nacional”, disse, em discurso em Chapecó, na região oeste de Santa Catarina.
Bolsonaro também descartou qualquer apoio das Forças Armadas a prefeitos e governadores que queiram adotar medidas de isolamento contra a Covid-19. “O nosso Exército brasileiro não vai à rua para manter o povo dentro de casa.”
Bolsonaro visitou o centro avançado de atendimento para casos de Covid-19 na cidade catarinense, onde reiterou ser contra a imposição de restrição de uso a remédios como a hidroxicloroquina, apesar de não mencionar o nome do medicamento, e defendeu o uso off label – ou seja, fora do previsto na bula.
“Eu fui acometido de Covid. Procurei não me apavorar. Tomei o medicamento que todo mundo sabe qual foi. No dia seguinte, estava bom. Muitos fizeram isso”, afirmou o presidente.
“Agora, não podemos admitir impor limite ao médico. Se o médico não quer receitar aquele medicamento, não receite. Se outro cidadão qualquer acha que aquele medicamento não tá certo porque não tem comprovação científica, que não use. Liberdade dele”, continuou.
Para justificar esse uso não previsto de remédios, Bolsonaro citou como exemplo o caso de soldados na Guerra do Pacífico que receberam água de côco nas veias.
“Olha a questão do off label, fora da bula, é um direito [do paciente] e um dever do médico (…) Como na guerra do Pacífico. O soldado chegava ferido e não tinha sangue para transfusão. Começou-se ali a injetar água de coco na veia do ferido. E deu certo. É uma realidade ou não é?”
Os relatos, no entanto, indicam que a água de côco foi usada em substituição ao soro na hidratação de soldados e não em substituição ao sangue, como afirmou Bolsonaro.
Bolsonaro também afirmou que se considera o único líder mundial que continua “apanhando isoladamente” por conta das medidas que defende contra a pandemia.
“O mais fácil é ficar do lado da massa, da grande maioria. Se evita problemas, não é acusado de genocida, não sofre ataques por parte de gente que pensa diferente”, afirmou. “O nosso inimigo é o vírus, não é o presidente, a governadora ou o prefeito. E dá para sairmos dessa.”
‘Exemplo para outros municípios’
Bolsonaro também defendeu que a cidade de Chapecó seja estudada e sirva de exemplo para outras cidades do país na forma de combater o novo coronavírus.
“Quero que Chapecó seja uma cidade para ser olhada pelos demais 5700 prefeitos do Brasil – se bem que tem prefeito que está na linha do João Rodrigues”, afirmou.
“Mas quando se fala em vida, qualquer esforço para nós é válido. Temos que estudar Chapecó. Qualquer medida é válida. Temos que ver as medidas tomadas pelo prefeito, pela governadora”, completou.
Com CNN Brasil
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