A Fazenda Califórnia, no Sítio Lajes, zona
rural do município de Marcelino Vieira, é uma daquelas propriedades onde a
terra não para de ser produtiva. São cerca de 15 hectares que recebem diversos
cultivos ao longo do ano. Agora, é tempo de esperar o ponto certo para colher o
feijão verde. A área onde o grão foi plantado já recebeu a batata-doce, meses
atrás. Em outra parte, os maracujás estão crescendo e sementes de melancias
serão plantadas para fazer um cultivo em consórcio e aproveitar ainda mais a área.
A fartura da produção se
deve a boa oferta de água. A fazenda é privilegiada com três cacimbões. Em mais
de trinta anos que foram construídos, os reservatórios nunca secaram. Mas não é
só pela produtividade que a Fazenda Califórnia é conhecida. Existe outra
história que chama atenção: a passagem do bando de Lampião no Rio Grande do
Norte, em junho de 1927.
É um capítulo da história
conhecido por poucos. Naquele ano, antes de chegar em Mossoró, o bando de
Lampião percorreu 13 cidades do estado, na região oeste. A casa grande da
Fazenda Califórnia guarda um pedaço dessa passagem.
Enquanto passavam por
Marcelino Vieira, na época chamada de Vila Vitória, os cangaceiros foram até a
Fazenda Califórnia. As marcas da passagem do bando estão presentes até hoje nas
três portas de madeiras que dão acesso ao interior da casa. Até hoje é possível
ver o desgaste da madeira provocado pelos canos das armas dos cangaceiros.
Segundo Iramar Oliveira, atual administrador da fazenda que foi
herdada da família, a visita indesejada do bando de Lampião foi motivada por
uma vingança. “A história que a gente conhece é que um homem estava levando
seus animais para a cidade de Luiz Gomes e teria parado aqui na fazenda para
descansar. A dona da casa, a senhora Liberalina, negou abrigo. Dias depois, o
homem voltou com o bando de lampião para se vingar”, conta Iramar. Essa
história é passada de geração em geração.
Por causa desse fato, a casa se tornou um
espaço de visitação de curiosos e pesquisadores. A construção também é uma
atração a parte. A casa tem mais de 150 anos e guarda aspectos da arquitetura
bastante usados em casas daquela época. Paredes grossas, teto alto e até parte
de um sótão de madeira, preservado até os dias de hoje.
“Muita gente vem aqui. De vez em quando, chega estudante, professor, todo mundo querendo saber como foi a passagem de Lampião”, fala dona Maria Rita, responsável pelos cuidados da casa. “Eu acho muito bom receber o pessoal. Tem gente que só acredita quando vê a marca das armas nas portas”, diz a dona de casa que já recebeu até parentes de Lampião na residência.
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