A blindagem política ao senador Flávio
Bolsonaro (Republicanos-RJ) passou a ser um fator debatido na mesa de
negociações da sucessão do Senado.
O Congresso realiza em
fevereiro eleições para escolher os substitutos de Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi
Alcolumbre (DEM-AP) nas presidências da Câmara e do Senado, respectivamente.
Segundo o blog apurou com
parlamentares e integrantes do governo, a proteção política ao senador – na
mira da Justiça por causa da investigação das rachadinhas e, agora, da suposta
interferência da Abin em sua defesa – virou uma preocupação com a mudança no
comando da Casa.
Nos bastidores, senadores
do MDB ouvidos pelo blog dizem ao Planalto temer que o candidato de Davi
Alcolumbre, que hoje é Rodrigo Pacheco, do DEM-MG, seja "muito
independente" e não "segure a onda do senador se ele precisar",
referindo-se a eventuais desdobramentos no Conselho de Ética, por exemplo.
Atualmente, o pedido de
cassação do mandato de Flávio feito por partidos da oposição está parado no
Conselho de Ética. O Planalto não estava preocupado porque avaliava que
Alcolumbre fora um aliado e acreditava que o cenário se manteria numa reeleição
do presidente do Senado.
Com o veto do STF, agora,
o governo teme a perda de controle dos casos no Conselho de Ética. E monitora a
situação para que o sucessor de Alcolumbre mantenha a mesma linha.
Senadores que trabalham
por uma candidatura do MDB para comandar o Senado, junto a integrantes do
governo, têm articulado um processo de fritura do nome de Pacheco, lembrando ao
Palácio do Planalto que o candidato de Alcolumbre foi duro com Michel Temer
quando presidiu a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, em meio às denúncias
contra o então presidente da República.
E dizem que, apesar de ser
do MDB à época, mesmo partido de Temer, Pacheco não garantiu blindagem ao
ex-presidente. Esses senadores garantem que outro candidato do MDB poderia
ajudar Flávio Bolsonaro.
O DEM, partido de Pacheco, está ciente da
operação de integrantes do MDB. E avalia que governistas que trabalham contra
Pacheco querem evitar o fortalecimento de Alcolumbre pois temem que o senador
ocupe a vaga de um dos ministros da Esplanada se emplacar seu sucessor no
Senado. Entre as vagas na Esplanada dos Ministérios como destino de Alcolumbre
citadas por senadores, estão os ministérios do Desenvolvimento Regional e a
Secretaria de Governo, hoje ocupada por Luiz Eduardo Ramos e responsável pela
articulação política.
Alcolumbre tem descartado,
nos bastidores, ocupar um ministério. Mas, para parlamentares ouvidos pelo
blog, se ele eleger seu sucessor, pode ocupar um ministério por causa da
possibilidade de seguir numa vitrine nacional, status que só atingiu na
presidência do Senado.
Para senadores de oposição
ao candidato de Alcolumbre, a derrota de seu irmão, Josiel, na eleição de
Macapá, pode enfraquecer o presidente do Senado no jogo de sucessão. Eles não
acreditam, porém, que o Planalto o "deixará na chuva", já que ele foi
leal em pautas importantes.
Sobre o caso de blindagem
de Flávio Bolsonaro, senadores de oposição afirmam que vão cobrar que o
candidato que apoiarem não garanta proteção ao senador. Senadores de esquerda
devem se reunir no dia 23 de dezembro para discutir a sucessão no Senado.
Para o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), "não há veto a Pacheco", que tem bom trânsito no Senado. No entanto, diz Rodrigues, senadores de oposição não aceitarão qualquer candidato que se "converta ao bolsonarismo e garanta blindagem a Flávio". "Transformar o Senado em puxadinho do Planalto não dá."
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