A Falabella, rede de lojas de
departamentos do Chile, denunciou 26 dos seus funcionários na Justiça
por terem feito compras fraudulentas com o cartão de crédito do
presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
A empresa chilena registrou a denúncia na Procuradoria Centro Norte
contra 26 dos seus funcionários, após ter detectado a fraude interna a
partir de um número de compras maciças com os cartões de crédito de
Bolsonaro e de seus filhos, o senador Flávio e o vereador Carlos, ambos
do Republicanos do Rio de Janeiro.
As compras incluíram luxuosos artigos como celulares de última
geração, bicicletas e relógios. Nos dias 2 e 3 de junho, o grupo de
hackers Anonymous, após uma interceptação ilegal, publicou na rede
social Twitter os números, as datas de validade e os códigos de
segurança dos cartões de crédito do presidente brasileiro e de dois dos
seus filhos.
No Chile, a revelação dos dados teve muita repercussão, virou
tendência e recebeu comentários dos usuários chilenos que afirmavam
terem conseguido usar os dados em compras nas lojas de departamentos do
país.
A Falabella detectou mais de 27 mil compras incomuns através do seu
site na Internet por um total de 63 mil dólares. Diante do repentino
volume de compras com os mesmos cartões e nomes, a empresa entrou em
contato com a Transbank, empresa chilena responsável pela administração
dos cartões de crédito.
Após uma investigação interna, a Falabella encontrou os seus próprios
funcionários entre os clientes que usaram um dos cartões dos
Bolsonaros. Foram empregados de vários departamentos da empresa, desde
pessoal de depósito a funcionários administrativos, passando por
atendimento ao cliente e vendedores de várias filiais em Santiago.
No total, foram 77 compras feitas pelos empregados, incluindo em
outras duas empresas do grupo: supermercados Tottus e materiais de
construção Sodimac.
O caixa Eduardo comprou um celular Huawei de 1.205 dólares. Ana Maria
optou pelo Xiaomi de 270 dólares. Cindy comprou um colchão, dois
travesseiros, roupa íntima e coletes de inverno. As três compras foram
feitas em nome de Jair Bolsonaro.
Já os filhos de Bolsonaro, Carlos e Flávio, “financiaram” Jennifer na
compra de dois celulares, um colchão e um aparelho de aquecimento num
total de 2.165 dólares. Alexis gastou 573 dólares numa guitarra, num
relógio e num par de tênis. Tomás foi quem mais gastou: 9.290 dólares em
celulares, computadores e bicicletas.
A Falabella rastreou as compras através dos IP. Pela lei chilena, os
acusados podem ser condenados por fraude, além de pagarem multa
equivalente ao montante da compra. Aqueles que compartilharam os cartões
pelas redes sociais podem ser acusados como cúmplices dos roubos e
deverão compensar os danos.
No dia 2 de junho, diversos usuários da rede social Twitter
agradeceram ao presidente Jair Bolsonaro pelos celulares “presenteados”.
Bolsonaro classificou a publicação do Anonymous como “uma clara
medida de intimidação” e avisou que “medidas legais estavam em andamento
para que tais crimes não passassem impunes”.
FolhaPress
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