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* Proposta do governo Bolsonaro de revisar mortes por Covid-19 é 'autoritária, insensível, desumana e antiética', dizem secretários; leia íntegra.


O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), que reúne os gestores dos 26 estados e do Distrito Federal, divulgou neste sábado (6) uma nota em que repudia as afirmações do empresário Carlos Wizard, cotado para assumir um cargo estratégico no Ministério da Saúde. 

Wizard afirmou que o ministério vai revisar os dados de contaminados e mortos pelo novo coronavírus, com base em uma suspeita de que os estados estariam "inflando" os números. 

Na nota (leia a íntegra abaixo), os secretários estaduais classificam a acusação como uma "tentativa autoritária, insensível, desumana e anti-ética de dar invisibilidade aos mortos pela Covid-19".
Ainda de acordo com o Conass, ao levantar suspeita sobre os dados, Carlos Wizard revela "profunda ignorância sobre o tema" e "insulta a memória de todas aquelas vítimas indefesas desta terrível pandemia e suas famílias". 

"Sua declaração grosseira, falaciosa, desprovida de qualquer senso ético, de humanidade e de respeito, merece nosso profundo desprezo, repúdio e asco. Não somos mercadores da morte. A vida é nosso valor maior, com ela não se negocia, relativiza ou transige", prossegue a nota.

Possível secretário

Como empresário, Carlos Wizard é dono de empresas de venda de produtos naturais e de sistemas de pagamento virtual, além de uma rede de escolas de inglês batizada com seu sobrenome. 

Desde a saída do ministro Carlos Teich, em maio, Wizard vem sendo cotado para assumir a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Até este sábado, a nomeação ainda não tinha sido publicada no "Diário Oficial da União". 

A declaração de Wizard foi publicada pela coluna da jornalista Bela Megale, de "O Globo". De acordo com o texto, Wizard disse que “tinha muita gente morrendo por outras causas e os gestores públicos, puramente por interesse de ter um orçamento maior nos seus municípios, nos seus estados, colocavam todo mundo como covid." 

Ainda segundo a coluna, Wizard afirmou que o número de mortos é "fantasioso ou manipulado" e que, por isso, pedirá a recontagem dos óbitos pelo novo coronavírus. 

A TV Globo e o G1 tentaram contato com Wizard e aguardavam retorno até a última atualização desta reportagem. 

Íntegra

Leia abaixo a íntegra da nota enviada pelo Conass: 

O CONASS repudia com veemência e indignação as levianas afirmações do Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Carlos Wizard.
 
Ao afirmar que Secretários de Saúde falseiam dados sobre óbitos decorrentes da Covid-19 em busca de mais “orçamento”, o Secretário além de revelar sua profunda ignorância sobre o tema, insulta a memória de todas aquelas vítimas indefesas desta terrível pandemia e suas famílias.
 
A tentativa autoritária, insensível, desumana e anti-ética de dar invisibilidade aos mortos pela Covid-19, não prosperará.
 
Nós e a sociedade brasileira não os esqueceremos e tampouco a tragédia que se abate sobre a nação.
 
Ofende Secretários, médicos e todos os profissionais da saúde que têm se dedicado incansavelmente a salvar vidas.
 
Wizard menospreza a inteligência de todos os brasileiros, que num momento de tanto sofrimento e dor, veem seus entes queridos mortos tratados como “mercadoria”.
 
Sua declaração grosseira, falaciosa, desprovida de qualquer senso ético, de humanidade e de respeito, merece nosso profundo desprezo, repúdio e asco.
 
Não somos mercadores da morte.
 
A vida é nosso valor maior, com ela não se negocia, relativiza ou transige.
 
O povo brasileiro é forte e resiliente, seguiremos a seu lado e juntos para preservar sua saúde e salvar vidas.
 
Alberto Beltrame

Presidente do CONASS
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