A Polícia Federal (PF) cumpriu nesta quarta-feira (24) o afastamento da prefeita de Oiapoque,
Maria Orlanda Marques (PSDB), investigada por desvio de remédios e de
testes para o diagnóstico da Covid-19. A medida, que segundo a PF foi
autorizada pela Justiça, acontece na 2ª fase da operação Panaceia.
O órgão investiga, além do desvio dos itens, o uso indevido de serviços
públicos de saúde em Oiapoque, município a 590 quilômetros de Macapá, no extremo Norte do Amapá.
Nesta segunda fase, a polícia 15 policiais federais estavam com três
mandados de busca e apreensão a serem cumpridos em residências de
servidores públicos da prefeitura.
Na primeira fase, ocorrida no dia 14 de junho,
eram oito mandados de busca e apreensão na prefeitura, na casa da
prefeita, na Secretaria Municipal de Saúde e em casas na capital; e
ainda, no dia, houve apreensão de testes para detecção da doença,
máscaras e aventais de uso hospitalar.
Para a PF, os desvios dos testes e medicamentos têm relação direta com a
falta de remédios na rede municipal de saúde de Oiapoque. Os itens eram
fornecidos a pessoas sem a comprovação médica da necessidade.
Por decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), a polícia informou que "a prefeita do município fica afastada das funções como medida cautelar". Ela também fica proibida "de acessar qualquer prédio público e não poder ter contato com outros dois investigados".
afirmando
que os testes e outros equipamentos aprendidos, posteriormente
avaliados em mais de R$ 6 mil, pertenciam ao Centro de Pesquisa
Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas (Epicovid-19), que
coordena estudo para medir a prevalência do coronavírus, com recursos do Ministério da Saúde (MS).
A coordenação da pesquisa confirmou a versão à polícia, mas, acrescentou a PF, "as investigações apontaram que parte dos testes foi desviada pela própria equipe local de pesquisa, em conjunto com servidores públicos do município e que também houve direcionamento, com indicação pelas autoridades locais, de quem deveria ser submetido aos testes".
Não há evidências, até o momento, de que a pesquisa foi prejudicada com os desvios, informou a PF.
As investigações ainda apuraram que houve compra de pelo menos três
bolsas femininas, no valor total de R$ 4,8 mil, por meio de
transferências da conta bancária da própria prefeitura. As bolsas foram
apreendidas nesta quarta-feira.
Até a última atualização desta reportagem, o G1 aguardava um posicionamento da prefeitura sobre a ação da PF desta quarta-feira.
Na primeira fase, a gestão negou qualquer desvio de remédios e testes
para a Covid-19; e declarou que as que as máscaras apreendidas na casa
da prefeita não pertenciam à prefeitura, que elas foram compradas pela
própria gestora que faria doação no aniversário do município.
1ª fase
Na primeira fase, a polícia informou que houve uso indevido de
ambulâncias e equipes móveis de saúde no atendimento a pacientes, sem
"adoção de normas e critérios técnicos estabelecidos", o que prejudicava
o fornecimento regular do serviço ao restante da população.
Os alvos podem responder por crimes de responsabilidade aplicados a
gestores municipais e vereadores, como apropriação ou desvios de bens
públicos, e utilização indevida de bens e serviços públicos.
As penas para os crimes, somadas, chegam até 24 anos de prisão. A
operação Panaceia faz alusão à deusa da cura na mitologia grega, e hoje
significa “remédio para todos os males”.
O que a prefeitura diz?
Na primeira fase, a prefeitura justificou que os testes encontrados na
residência da prefeita foram esquecidos no local pela equipe do grupo de
pesquisa da Universidade Federal de Pelotas.
“Esses testes e aventais foram esquecidos pela equipe da pesquisa no
ônibus pertencentes ao município, que deu suporte a equipe, enquanto
estavam no município, que posteriormente o coordenador da pesquisa,
informou que havia esquecido os testes e solicitou a guarda a prefeita”,
dizia a nota.
Oiapoque é a 4ª cidade mais populosa do estado, com 20,5 mil
habitantes, e está localizada no extremo Norte do Amapá e do país,
fazendo limite com município de Saint Georges, na Guiana Francesa.
As duas cidades têm relação comercial e social e direta e são divididas
apenas pela Ponte Binacional Brasil-França, aberta em 2013.
Até o terça-feira (23), a cidade tinha 1.196 casos confirmados de coronavírus, sendo alguns deles em indígenas que vivem em aldeias da região.
Oiapoque tem 10 mortes pela Covid-19 e desde o início de junho parte dos testes dos moradores da cidade é analisada na Guiana Francesa, a partir de uma cooperação internacional.
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Os capas pretas é bronca...
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