O grupo de trabalho da Lava-Jato na Procuradoria-Geral da República
(PGR) pediu demissão nesta sexta-feira por discordâncias com a
subprocuradora-geral da República Lindora de Araújo e com a gestão do
procurador-geral da República, Augusto Aras. O estopim para a demissão
foi a visita feita por Lindora à força-tarefa de Curitiba nesta semana
na qual, segundo ofício enviado pela força-tarefa à Corregedoria do
Ministério Público Federal, ela teria tentado obter acesso a informações
sigilosas dos bancos de dados da operação sem realizar o devido
procedimento legal.
Os procuradores do grupo da Lava-Jato na PGR discordaram do
procedimento e, por isso, decidiram pedir demissão. O grupo, que agora
fica sem nenhum integrante, é responsável por conduzir os inquéritos
envolvendo políticos com foro privilegiado decorrentes da operação, atua
em habeas corpus de investigados, acordos de colaboração premiada e
outros assuntos.
Aras vinha escanteando a atuação do grupo desde o início da sua
gestão, retirando investigações e processos da atribuição do grupo e
puxando para seu gabinete. Por isso, o primeiro coordenador escolhido
por ele, José Adônis Callou de Araújo Sá, pediu demissão em janeiro. Em
seguida, o procurador-geral nomeou Lindora Araújo para o cargo,
subprocuradora alinhada a ele e com quem ele mantém relação de extrema
confiança.
Pediram demissão os procuradores Hebert Reis Mesquita, Luana Vargas
de Macedo e Victor Riccely. Outra integrante, que era a mais antiga na
Lava-Jato da PGR, já havia deixado o grupo no início do mês, Maria Clara
Barros Noleto.
A gestão anterior, da então procuradora-geral da República Raquel
Dodge, enfrentou o mesmo problema. Após pedir arquivamento de quatro
anexos da delação premiada do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, sem
autorizar nenhuma investigação preliminar, Dodge também foi alvo de um
pedido de demissão coletiva do grupo. Após o fim de sua gestão, o PGR
interino Alcides Martins convidou os procuradores para retornarem aos
seus postos, e Aras decidiu mantê-los.
Detalhe: Aras foi uma escolha de Bolsonaro, sem obedecer a lista tríplice do Ministério Público.
Nossa.
O Globo
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