Após
18 dias lutando pela vida no pronto-socorro de Rio Branco, a acadêmica
de psicologia Patydan Castro, de 34 anos, que perdeu o bebê após um
parto induzido por conta da Covid-19, não resistiu às sequelas da doença
e morreu na noite dessa terça-feira (23) em uma UTI da unidade.
Abalado
e ainda sem saber como vai contar para a filha de 4 anos sobre a morte
da mãe e do irmãozinho que ela tanto esperava, o marido de Patydan, o
médico Raimundo Castro lembrou de como ela era e disse que vai deixar
saudade.
“A
gente vai preparar ela ainda para receber essas notícias. A Paty é um
exemplo de mãe, uma menina de ouro, sonhadora, que estava fazendo curso
de psicologia porque gostava. A gente tinha mais de 10 anos de casados,
ela se foi com 34 anos, pela vontade de Deus, vai deixar muita saudade.
Não tenho nem palavras de tanta saudade que sinto dela. Agora vai ficar
só eu e minha filha, a metade da família. A gente tinha um planejamento
de ser quatro e ficou só dois. Vou educar minha filha para ter fé em
Deus, se ela conseguir um dia chegar ao que a Paty era, já é muito para
mim”, disse entre lágrimas.
O
médico contou que a causa principal da morte da mulher foi uma
pneumonia hospitalar e a secundária foi a Covid-19. Segundo ele, o corpo
de Patydan vai ser sepultado às 10h desta quarta-feira (24) no
cemitério Jardim da Saudade.
“A
Covid ela neutralizou, mas as bactérias que ela pegou na UTI que
levaram ela a óbito. Apesar de ela ter um teste negativo para Covid e
estava na UTI comum, mas no atestado de óbito veio como causa a Covid,
então a família decidiu que ela vai ser enterrada direto, para não
colocar em risco as outras pessoas”, disse o marido.
A
Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) confirmou que a morte
de Patydan vai entrar no na estatísticas de Covid-19 e que a Vigilância
em Saúde aguarda o município informar o óbito para ser incluído no
boletim diário dos casos da doença.
No
último dia 19 de junho, o resultado do exame de PCR, que tem o objetivo
de identificar o vírus no período em que está no organismo, mostrou que
ela já não estava mais com a doença e que, portanto, já era considerada
curada. No dia seguinte ela foi transferida da UTI Covid para uma UTI
normal do pronto-socorro.
Apesar
de não estar mais com a Covid-19, Patydan continuou internada tratando
das sequelas da doença, já que, segundo o marido, estava com pneumonia e
trombose.
A
acadêmica, que estava no sexto mês de gravidez e com Covid-19, estava
internada há 17 dias na UTI do pronto-socorro. O parto induzido foi
feito na segunda-feira (15) na tentativa de não colocar em risco a vida
da mãe e do bebê.
O
bebê nasceu vivo e, em seguida, teve uma parada cardíaca, chegou a ser
reanimado por quase uma hora pela equipe médica, mas não resistiu. Em
coma induzido, Patydan não chegou a receber a notícia sobre a perda do
bebê. Ela deixa uma filha de 4 anos.
Medo de pegar a doença
Por
conta da profissão do marido, a acadêmica redobrou os cuidados na
gravidez. Em reportagem publicada no último dia 15 de junho, o médico
contou ao G1 que nem estava dormindo em casa para evitar a contaminação.
Ele
também pegou a Covid-19, mas disse que a mulher teria contraído a
doença de uma secretária que continuava trabalhando na casa da família
durante a quarentena.
“Eu
estava em um hotel e quem estava em casa ajudando minha esposa era a
secretária. Ela pegou a Covid-19 e com quatro dias depois a minha esposa
pegou também. Desde quando tudo começou, em março, ela ficou muito
assustada e se isolou no quarto, com muito medo de pegar por conta do
bebê que a gente planejou, ela estava se cuidando muito. Mas,
infelizmente, essa doença é assim. Agora temos que buscar forças em
Deus”, contou.
No
dia 12 de junho, o médico foi para frente do pronto-socorro e fez uma
oração pedindo pela vida da mulher. “Acredito em Deus, fiz essa oração
não só para ela, mas para todo o hospital, todos que estão nessa luta, a
gente está em uma guerra”, lamentou.
O
marido chegou a fazer uma campanha pedindo a doação de plasma de
pessoas que tiveram a Covid-19 e já são consideradas curadas para ajudar
no tratamento da mulher. Se trata de um tratamento experimental em
pacientes internados com a doença.
Triste...
G1 AC
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