Alvo de um inquérito que apura suspeita de interferência na Polícia
Federal, o presidente Jair Bolsonaro fez uma visita inesperada na manhã
desta segunda-feira, 25, à Procuradoria-Geral da República. O encontro
ocorreu logo após a posse do subprocurador Carlos Alberto Vilhena no
cargo de Procurador Federal dos Direitos do Cidadão.
Bolsonaro acompanhava a solenidade do Palácio do Planalto, via
videoconferência. Ao fim da cerimônia, o procurador-geral Augusto Aras o
questionou se gostaria de falar algo. O presidente, então, "se convida"
para ir pessoalmente à sede da PGR "apertar a mão" do novo
subprocurador.
"Se me permite a ousadia, se me convidar, eu vou agora aí apertar a mão
do nosso novo colegiado maravilhoso da Procuradoria-Geral da República",
disse Bolsonaro. Aras concorda de imediato. "Estaremos esperando Vossa
Excelência com a alegria de sempre." Ao chegar ao local, Bolsonaro tirou
fotos e cumprimentou os presentes, incluindo Aras. A visita durou cerca
de 15 minutos.
O inquérito sob os cuidados da PGR apura as acusações feitas pelo
ex-ministro da Justiça Sérgio Moro de que o presidente interferiu
indevidamente na PF para proteger aliados. Na sexta-feira, 22, imagens
da reunião ministerial ocorrida em 23 de abril mostra o presidente
cobrando mudanças no comando da "segurança no Rio" que, segundo o
ex-ministro, comprovam a tentativa de interferência.
Na versão do Palácio do Planalto, porém, o presidente falava da
segurança de sua família, que é atribuição do Gabinete de Segurança
Institucional (GSI), chefiado pelo general Augusto Heleno. As imagens,
porém, mostram Bolsonaro olhando para Moro durante as cobranças.
Reportagem do Jornal Nacional, veiculada na semana passada, mostrou que o
presidente fez alterações – e até promoveu servidores – em sua
segurança pessoal semanas antes da reunião sem dificuldade.
Aras foi escolhido por Bolsonaro para comandar a PGR no ano passado sem
passar pelo crivo da categoria. Uma lista tríplice eleita pela
Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) chegou a ser
apresentada ao presidente, que a ignorou, indicando para o cargo um nome
fora da relação.
Detalhe "JM": Será se o presidente foi cobrar pela indicação seu moço?
Presidente acompanhava posse de um subprocurador via videoconferência
quando, ao fim da cerimônia, diz que queria ir pessoalmente à sede da
PGR, encontrando-se também com o procurador-geral Augusto Aras,
responsável por investigá-lo.
O Estado de S.Paulo
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