O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta afirmou nesta
quarta-feira (13), durante entrevista à jornalista Christiane Amanpour,
da CNN Internacional, que o Brasil pode atingir o patamar de 1.000
mortes ao dia por Covid-19 e se tornar o país com maior número de casos
da doença no mundo. Mandetta também criticou o presidente Jair Bolsonaro
por defender a volta da população ao trabalho em meio à pandemia.
“Ele fez o que ele quis fazer, mas a história vai dizer quem estava errado e quem estava certo”, disse Mandetta sobre Bolsonaro.
O ex-ministro disse que, em uma escala de zero a dez, está
“preocupado no nível dez” com a evolução do novo coronavírus no Brasil.
“Os números falam por si só. Nós temos subido e subido no número de
mortos, e provavelmente nessa semana ou na próxima teremos mil mortes
por dia”, disse.
Críticas a Bolsonaro
Mandetta foi questionado por Amanpour sobre a conduta do presidente
Jair Bolsonaro (sem partido) diante do enfrentamento da pandemia e disse
que reclamou com seu antigo chefe “por mais de um mês”.
“Uma das coisas que me manteve no cargo, mesmo que eu tenha reclamado
com ele sobre seu comportamento por mais de um mês, foi que eu podia
falar com a população. A população brasileira sabe o que está
acontecendo e sabe o que tem que fazer”, disse o ex-ministro.
Segundo Mandetta, a OMS (Organização Mundial da Saúde) “precisa falar diretamente com essa população, e não com os governantes.”
“Os governantes só pensam na economia e em voltar ao trabalho. Isso
está acontecendo no Brasil e nos EUA, a comunidade latina nos EUA também
está sofrendo. As favelas no Rio são lotadas, temos problemas
respiratórios como tuberculose. A mensagem da OMS é confusa com essa
população, eles precisam falar direto com elas, e não com políticos”,
afirmou.
Mandetta lembrou que o presidente americano, Donald Trump, “voltou
atrás em sua mensagem quando viu que o vírus poderia ser muito mortal
nos EUA”.
“Infelizmente, ele [Bolsonaro] é um dos poucos líderes que continua
mantendo esse discurso de que as pessoas devem voltar, e que as pessoas
deveriam se preocupar com o trabalho, e que ficar em casa traz mais
problemas do que sair, essa é a mensagem dele. Trump pelo menos voltou
atrás em sua mensagem de dizer que era simplesmente uma gripe, e
reconheceu o vírus”.
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