O comerciante Gilson Freires de Araujo, de 57 anos, morreu em Natal
vítima da Covid-19 após 22 dias internado. Ele não tinha comorbidades e
lutou contra a doença durante quase um mês, até a noite de segunda-feira
(11) quando faleceu no Hospital Municipal de Natal. A família de Gilson
questiona a transferência dele do Hospital Giselda Trigueiro para o
Hospital Municipal de Natal dois dias antes do óbito.
Gilson Freires Araujo foi entubado no dia 19 de abril no Hospital
Giselda Trigueiro, onde permaneceu até o dia 9 de maio sendo tratado da
doença em um leito com respirador. Ele apresentou sintomas da doença na
semana anterior à internação e procurou ajuda em uma Unidade de Pronto
Atendimento.
No dia 9 de maio o paciente foi transferido do Hospital Giselda
Trigueiro, na Zona Oeste, para o Hospital Municipal de Natal, que fica
na Zona Oeste da cidade. Dois dias após esse procedimento, o vendedor
faleceu. Ao G1, os familiares de Gilson afirmaram que eles não foram
comunicados sobre a transferência. Os parentes acreditam ainda que o
deslocamento pode ter agravado o quadro do paciente.
"Nesse período em que ele estava no Giselda, o médico sempre nos ligava a
tarde para informar o estado de saúde dele. Só que no dia 9, já à
noite, não recebemos a ligação com esse boletim. Ligamos para a
regulação da unidade e descobrimos que ele tinha sido transferido para o
hospital municipal", diz Gilson Freire Junior, filho do vendedor de
materiais hidráulicos que morava na Zona Norte de Natal e trabalhava no
Alecrim, centro comercial da cidade.
A Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) informou que a
movimentação "foi feita dentro dos parâmetros necessários para a
operação de transporte". De acordo com a pasta, a movimentação foi
motivada pela lotação do Hospital Giselda Trigueiro, que é gerida pelo
estado.
"Como o paciente transferido era morador de Natal, assim como outro
transferido no mesmo período, foi orientada a regulação para o Hospital
Municipal de Natal, que recebeu ambos", detalha a Sesap.
O filho de Gilson Araújo questiona o procedimento: "Será que essa
regulação não poderia esperar? Essa organização no fluxo de pacientes
custa uma vida? Meu pai já estava internado em estado grave e sendo
tratado, mas mesmo assim foi transferido. Acredito que esse trajeto
agravou a situação porque era um paciente em estado muito delicado".
Em nota, além de lamentar a morte do comerciante de 57 anos, a Sesap
detalhou o processo da transferência e também explicou os motivos pela
qual não informou os familiares antes do deslocamento.
"Ele era uma pessoa muito ativa, que gostava de conversar e ajudar todo
mundo. Nesse período de pandemia ele estava muito triste porque não
podia trabalhar. Foi ele quem sempre sustentou a família e nunca deixou
faltar nada", lembra Gilson Freire Júnior.
Confira o documento reproduzido na íntegra:
A Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) esclarece que a
transferência do paciente Gilson Freire de Araújo do Hospital Giselda
Trigueiro para o Hospital Municipal de Natal na madrugada do dia 9 de
maio, que veio a falecer dois dias após a movimentação, foi feita dentro
dos parâmetros necessários para a operação de transporte.
O paciente estava estabilizado quando foi recebido pelo Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), que só realiza este tipo de
movimentação quando as condições de saúde permitem.
A transferência foi motivada pela lotação do Hospital Giselda
Trigueiro e a necessidade de atender pacientes do interior na rede
estadual. Como o paciente transferido era morador de Natal, assim como
outro transferido no mesmo período, foi orientada a regulação para o
Hospital Municipal de Natal, que recebeu ambos.
A família do paciente foi avisada da transferência apenas horas após a
efetivação devido a urgência exigida pela situação de pandemia e dos
demais pacientes que aguardavam vagas no Hospital Giselda Trigueiro.
Vítima...
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