Depois de levar empresários ao Supremo
Tribunal Federal (STF) para debater alternativas para retomada da
atividade econômica no Brasil em meio a pandemia, o presidente da
República, Jair Bolsonaro, voltou a defender enfaticamente a abertura do
comércio no país. Ele afirmou que a curva da Covid-19 não está sendo
achata com o isolamento social, o que contraria a opinião de
especialistas, e defendeu a adoção de medidas para recuperar a economia.
— Quem tem dinheiro, tem poupança fica em casa, mas a maioria
esmagadora da população brasileira não tem como ficar em casa . Estou
vendo medidas de autoridades para multar quem está na rua. O cara não
tem onde cair morto e quer multar (…) Se o povo não voltar a trabalhar
teremos um caos — afirmou a jornalistas ao chegar no Palácio da
Alvorada.
Bolsonaro diz que espera uma retomada “o mais rápido possível”. Hoje,
ele assinou um decreto para incluir a construção civil entre as
atividades essenciais, para voltar ao funcionamento, e disse que outros
segmentos serão contemplados em outra normativa, sem revelar quais.
—Temos que sair o mais rapidamente da situação em que nos
encontramos. Precisa-se abrir o comércio, o povo tem que voltar a
trabalhar — disse. O presidente rebateu críticas de que “só defende
economia e não a vida” e disse que pode não haver recuperação econômica
se não tomar algumas medidas — Chega uma hora que não recupera a
economia, e sem economia tua vida também vai para o espaço — disse
Bolsonaro lembrou que o STF definiu que as tomada de medidas
restritivas caberia a governadores e prefeitos, mas que esses estão
perdendo arrecadação e buscando socorro em brasília.
— Eles fecham, perdem arrecadação e vem atrás de recursos da União. E
a União como não tem recurso está se endividando. O dinheiro do governo
está acabando, se endividar muito acaba elevando a taxa de juros —
afirmou.
O presidente ainda criticou o que chamou de “interferência banal” nas
decisões de governadores que querem reabrir gradualmente o comércio ao
citar o caso de Ibaneis Rocha, no Distrito Federal.
— Se ele é governador, ele que tem que decidir, interferência não
pode haver de forma banal, existe um leque enorme para haver
interferência no Poder Executivo. O Ibaneis está certo, tem toda razão
do mundo. Ele é o governador. É ele que decide a abertura do comércio e
não gente de outro poder — disse.
Bolsonaro afirmou ainda que a população das comunidades do Rio de
Janeiro está sobrevivendo porque o movimento do comércio “está intenso”.
Ele não quis comentar a possibilidade de um lockdown no Estado, mas
disse que quem tem o poder para isso é o governador, Wilson Witzel.
O presidente disse que viu vídeos em que o comércio nas comunidades está “a todo o vapor”.
— Em Madureira, Méier, Uruguaiana, Campo Grande, Santa Cruz, o
comércio está aberto. Aí é fácil impor as medidas e multar. Mas lá
dentro o ‘povão’ está sobrevivendo graças a isso — disse, comentando
veladamente a possibilidade aventada por Witzel de impor punições a quem
descumprir a quarentena.
—O movimento está intenso. Essa questão de ‘fica em casa, não saia’
não está funcionando. Está servindo apenas para matar o comércio –
afirmou.
Bolsonaro.
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