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* Bolsonaro ignorou equipe econômica e autorizou manter reajuste de servidores e líder do governo disparou “Eu sou líder do governo, não de qualquer ministério”

Com aval do presidente Jair Bolsonaro ao corporativismo do funcionalismo público, o Congresso atropelou medida desenhada pelo ministro da EconomiaPaulo Guedes, de congelamento de salários dos servidores públicos, e reduziu em quase R$ 90 bilhões a economia nos gastos do governo federal, Estados e municípios com a folha de pagamento de pessoal até 2021.

O congelamento era a contrapartida que Guedes cobrou para repassar diretamente R$ 60 bilhões aos governadores e prefeitos nos próximos quatro meses, suspender dívidas e manter garantias do Tesouro em empréstimos, num alívio financeiro total de R$ 125 bilhões, em meio à crise provocada pela pandemia do coronavírus.

Câmara “salvou” várias categorias do congelamento e o Senado manteve as mudanças, com exceção dos policiais legislativos. As alterações reduziram para R$ 43 bilhões a economia que seria obtida nas contas de União, Estados e municípios.

O deputado Vitor Hugo, líder do governo na Câmara, ocupou na noite desta quarta a tribuna para comentar a flexibilização do congelamento de salários no âmbito do projeto de socorro a estados e municípios — os deputados mexeram no texto que saiu do Senado, o que obrigou nova análise por parte dos senadores.

“Tem sido caracterizado como ‘uma facada’ do líder do governo no ministro da Economia”, disse ele, referindo-se aos destaques da oposição aprovados com o apoio da liderança do governo.

Vitor Hugo elogiou a “competência” de Paulo Guedes, mas deu seu recado, ao defender o destaque do PDT que suprimiu a expressão que liberava reajustes apenas para profissionais “diretamente envolvidos” no combate à Covid-19, como os da saúde e da segurança pública.

“Foi uma determinação do presidente da República, cumprida pelo líder do governo. Eu sou líder do governo, não de qualquer ministério.”

A orientação para o governo votar ‘sim’ ao destaque do PDT partiu do próprio Jair Bolsonaro, segundo relatou Vitor Hugo, em ligação ontem à noite.

Como noticiamos mais cedo aqui, pelas contas do Ministério da Economia, a ampliação das categorias que não terão de congelar salários reduziu a economia da proposta de R$ 130 bilhões para R$ 43 bilhões.
Cheiro de problema no ar seu moço.
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