Em depoimento dado nesta terça-feira, o ministro-chefe do Gabinete de
Segurança Instituicional (GSI), Augusto Heleno, confirmou que o diretor
da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, se reúne “corriqueiramente” com o presidente Jair Bolsonaro e
disse que a “amizade” entre eles “vem da época em que o presidente
sofreu o atentado, e Alexandre Ramagem assumiu sua segurança”.
Ramagem havia sido o nome escolhido por Bolsonaro para comandar a
Polícia Federal no lugar de Maurício Valeixo, diretor indicado pelo
ex-ministro Sergio Moro. Sua indicação, porém, foi barrada pelo ministro
do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que entendeu
haver “desvio de finalidade” pela proximidade com a família do
presidente. Em seu depoimento, Heleno confirma uma relação de
proximidade entre Bolsonaro e Ramagem.
No início do depoimento, Heleno minimiza essa relação, afirmando que
havia entre ambos “uma relação que não extrapola os limites de uma
vinculação profissional entre chefe e subordinado”.
Depois, questionado
pela defesa de Sergio Moro, afirmou que a “amizade […] vem da época em
que o presidente sofreu o atentado e Alexandre Ramagem assumiu sua
segurança”. O ministro disse que, como Ramagem realizou segurança
pessoal de Bolsonaro na campanha presidente de 2018 “é natural que haja
proximidade tanto com o presidente como seus filhos”. Uma foto de
Ramagem ao lado do vereador Carlos Bolsonaro no Réveillon de 2018 para
2019 foi publicada em uma rede social do filho do presidente e veio a
público após a indicação de Ramagem.
Questionado se o presidente e Ramagem se encontram corriqueiramente,
disse que “sim”. Sobre a indicação do delegado para comandar a PF,
Heleno defendeu Bolsonaro e disse que “é natural” que o presidente
queira “optar por uma pessoa mais próxima”.
No depoimento, Heleno também afirmou que os relatórios de
inteligência solicitados por Bolsonaro não diziam respeito a inquéritos
sigilosos em andamento. O ministro disse ainda não se recordar do fato
relatado por Moro, de que em uma ocasião Heleno teria concordo com o
então ministro da Justiça de que os relatórios solicitados por Bolsonaro
não poderiam ser fornecidos.
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