O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a insistência na
agenda de reformas é o que possibilitará a reeleição do presidente Jair
Bolsonaro, em 2022. As declarações foram feitas durante a reunião
ministerial ocorrida em 22 de abril e cujo conteúdo foi liberado nesta
sexta-feira pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Ele diz que a reconstrução econômica está sendo feita enquanto o
governo derruba “as torres do inimigo”. Dessa forma, na avaliação dele,
“não tem jeito” de acontecer um impeachment do presidente.
Guedes afirmou que a aprovação do congelamento salarial para todos os
servidores da União, dos estados e dos municípios até o fim de 2021 foi
uma “granada no bolso do inimigo”. Ele fez essa comparação quando
falava sobre os efeitos do coronavírus na economia brasileira. Segundo
ele, o cenário no Brasil é de “tiro, porrada e bomba”, mas o país “não
perdeu a bússola e sabe onde está indo”.
“A outra coisa são as torres do inimigo que a gente tinha que
derrubar. Uma era o excesso de gastos na Previdência, derrubamos assim
que entramos. A segunda torre eram os juros. Os juros estão descendo e
vão descer mais ainda. Então, nessa confusão toda, todo mundo está
achando que estão distraídos, abraçaram a gente, enrolaram com a gente.
Nós já botamos a granada no bolso do inimigo: dois anos sem aumento de
salário. Era a terceira torre que nós pedimos pra derrubar. Isso vai nos
dar tranquilidade de ir até o final. Não tem jeito de fazer um
impeachment se a gente tiver com as contas arrumadas, tudo em dia.
Acabou, Não tem jeito”, afirmou.
Na sequência do vídeo, Guedes compara a economia brasileira com um
“urso hibernando” e fala da relação comercial com a China. De acordo com
o ministro, a China é “aquele cara que você sabe que precisa aguentar”.
“Você sabe que ele [China] é diferente de você. Você sabe que
geopoliticamente você está do lado de cá. Agora, você sabe o seguinte,
não deixa jogar fora aquilo ali não porque aquilo ali é comida nossa.
Nós estamos exportando pra aqueles cara.Não vamos vender pra eles ponto
crítico nosso, mas vamos vender a nossa soja pra eles. Isso a gente pode
vender à vontade. Eles precisam comer, eles precisam comer”,
argumentou.
O ministro da Economia chegou a dizer que a China deveria ajudar a
todos os países que foram afetados pelo coronavírus, dando a entender
que o país asiático é o responsável pela pandemia e suas consequências
econômicas. “A China deveria fazer um Plano Marshall para ajudar todo
mundo que foi atingido.”
Guedes também demonstrou irritação com o “Pró-Brasil”, plano de
retomada econômica sugerido por uma ala do governo. Ele criticou o nome
de “Plano Marshall brasileiro”, mencionado pelo ministro da Casa Civil,
Braga Netto, afirmando que essa classificação seria uma “tragédia”.
Ele também atribuiu a “alguns ministros que querem aparecer” a
iniciativa de se falar em investimentos em obras públicas nesse momento.
“O governo quebrou em todos os níveis”, repetiu Guedes por três vezes.
O ministro disse ser “bonito” o discurso de redução de desigualdades
regionais, mas alertou que essa iniciativa levaria o governo ao mesmo
destino experimentado pela administração da ex-presidente Dilma
Rousseff.
Por mais de uma vez, Guedes tratou da reeleição de Bolsonaro. Disse
que o presidente deve direcionar seu olhar para daqui a três anos,
evitando, assim, a aprovação de medidas consideradas populistas na
economia, com efeitos de curto prazo.
Quando Guedes mencionou a atitude eleitoral de alguns governadores e
ministros, o presidente Jair Bolsonaro fez uma rápida observação. “Estou
fora de eleições municipais”, disse ele, sugerindo que não se engajará
na campanha.
Diante da preocupação do ministro da Economia de que informações
sobre desentendimentos internos relativos à política econômica chegassem
à imprensa, Bolsonaro sugeriu aos ministros que ignorassem 100% os
jornalistas.
Guedes...
Valor Econômico
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