O Brasil tem o maior número de reprodução de Covid-19 (doença provocada pelo coronavírus) entre 48 países analisados pelo Imperial College de Londres.
O indicador, também chamado de R0, mostra para quantas pessoas cada infectado transmite a doença.
Quanto mais alto, maior a velocidade de transmissão, e maior o risco de uma possível sobrecarga no sistema de saúde.
Na semana que começou nesta segunda (26), o R0 do Brasil era 2,81, ou
seja, cada infectado transmite a doença para cerca de 3 pessoas,
segundo as estimativas do centro de doenças infecciosas da universidade
(MRC), um dos mais respeitados do mundo na análise de epidemias.
Em vários países do mundo, governos têm considerado que as restrições
de mobilidade só podem ser relaxadas sem risco para o sistema de saúde
se o número de reprodução estiver abaixo de 1.
Na Alemanha, considerada uma das nações mais bem-sucedidas no
controle da doença, o número de reprodução calculado pelo MRC é 0,8 (com
uma variação de 0,65 a 1,14).
Ao lado dos Estados Unidos, o Brasil é um dos 2 únicos países com
previsão de mais de 5.000 mortes para a próxima semana, e a tendência é
de crescimento nos contágios, segundo o estudo, assinado por 47
pesquisadores.
O instituto estima a tendência de contágio e o número de mortes na
próxima semana, para os 48 países que, nesta semana, contabilizavam ao
menos cem mortes pelo coronavírus desde o começo da pandemia e no mínimo
dez mortes em cada uma das duas semanas anteriores.
O Brasil faz parte dos 9 entre os 48 países em que a infecção pelo coronavírus está em trajetória ascendente. O mesmo ocorre em Canadá, Índia, Irlanda, México, Paquistão, Peru, Polônia e Rússia.
Com base nos cálculos, a transmissão do coronavírus está caindo em 4
dos 48 países estudados: Itália, França, Espanha e República Dominicana.
Em 23, incluindo Alemanha, Portugal, Bélgica, Colômbia e EUA, está
estabilizada.
A tendência é incerta em 12 nações, incluindo a Argentina e a Coreia do Sul, afirma o estudo.
Em relação ao número de mortes projetadas para a próxima semana,
Brasil e Estados Unidos estão na categoria “muito alto”, acima de 5.000.
Há 10 países na categoria “alto” (de 1.000 a 5.000), e 14 na
“relativamente alto” (de 100 a 1.000).
Em 22 países, o estudo aponta um número “relativamente baixo” (menos de 100) de mortes na próxima semana.
Para fazer a projeção de mortes para a semana seguinte, o Imperial
College se baseia no número divulgado de mortos, que é considerado mais
confiável que o de casos confirmados (nos quais a política de testes
pode ter muito impacto).
A precisão das estimativas varia de acordo com a qualidade da coleta e
divulgação dos dados em cada país. Naqueles em que há falha na
divulgação dos dados, as previsões podem estar subestimadas.
O centro também ressalva que as estimativas de transmissão refletem a
situação epidemiológica no momento da infecção dos casos de morte por
Covid-19. Ou seja, o impacto de medidas de controle aparece com uma
defasagem de cerca de dez dias.
Números subestimados
Outro objetivo do estudo é analisar a contabilidade de casos por
país. Os números de mortes divulgadas é comparado com o de casos
informados pelo país, para verificar se a proporção entre os dois dados
obedece ao esperado.
As premissas para essa análise são as de que todas as mortes foram
informadas, e de que o intervalo entre a confirmação de um caso e a
morte é em média de dez dias (com desvio padrão de 2 dias) e a taxa de
mortalidade por caso confirmado é 1,38% (de 1,23% a 1,53%, com intervalo
de confiança de 95%).
Com base nesses parâmetros, o MRC calcula que o número confirmado de
casos no Brasil é 10,4% da quantidade efetiva, o sexto menor entre os 48
países, à frente da Hungria, com 10,3%, e atrás do Reino Unido, com
10,6%. O México é o país com maior subnotificação de casos: com base no
número de mortes relatadas, o número de casos confirmados é 5,8% do
total efetivo.
Os países mais precisos no relato do número de casos, de acordo com a
análise do Imperial College, são Israel (100% dos casos efetivos
reportados) e Arábia Saudita, com 93%.
Até 26 de abril, mais de 2,8 milhões de casos de Covid-19 haviam sido confirmados no mundo, com mais de 190 mil mortos.
TRANSMISSÃO EM ALTA
Brasil
Canadá
Índia
Irlanda
México
Paquistão
Peru
Polônia
Rússia
TRANSMISSÃO EM QUEDA
Itália
Espanha
França
República Dominicana
Itália
Espanha
França
República Dominicana
TRANSMISSÃO ESTABILIZADA
Alemanha
Argélia
Bangladesh
Bélgica
Colômbia
Equador
Egito
Estados Unidos
Filipinas
Grécia
Holanda
Indonésia
Irã
Israel
Panamá
Portugal
Reino Unido
República Tcheca
Romênia
Suécia
Suíça
Turquia
Ucrânia
Alemanha
Argélia
Bangladesh
Bélgica
Colômbia
Equador
Egito
Estados Unidos
Filipinas
Grécia
Holanda
Indonésia
Irã
Israel
Panamá
Portugal
Reino Unido
República Tcheca
Romênia
Suécia
Suíça
Turquia
Ucrânia
TENDÊNCIA INCERTA
Arábia Saudita
Argentina
Áustria
Chile
Coreia do Sul
Dinamarca
Finlândia
Hungria
Japão
Marrocos
Noruega
Sérvia
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