O padre que pilotava um ultraleve e precisou fazer um pouso forçado em
Leme (SP), no fim da tarde de sábado (25), disse que o piloto que estava
em outra aeronave voava baixo antes de cair. O analista de sistemas
Marcelo Mendes Fernandes, de 59 anos, morreu no acidente.
Em entrevista à EPTV, afiliada da TV Globo, o padre Sergio Carlos
Brasileiro Nato, de 66 anos, contou que voava com um passageiro quando o
motor do ultraleve apresentou problemas na parte de carburação.
“Pousei na estrada, só quebrou a roda dianteira. Não deu medo, mas a
gente tem que respeitar a máquina. Eu já pousei sem motor pelo menos
oito vezes. Faz 25 anos que comecei a voar”, disse Nato. Ele e o outro
ocupante da aeronave não se feriram.
O padre disse que nesse momento o outro ultraleve, que era pilotado por
Fernandes e que também transportava um passageiro, passou por eles. A
aeronave desceu na pista do Aeródromo Municipal Yolanda Penteado e o
piloto retornou sozinho para a região onde aconteceu o pouso forçado.
“Era perto da pista, uns 500 metros. Aí ele ficou voando baixo, fez uma
curva muito fechada, não teve jeito, caiu de uns 30 metros de altura. Se
ele tivesse alto, não teria problema”, relatou o padre.
O padre, que nasceu em Santa Cruz das Palmeiras e atualmente mora na
capital paulista, disse que ficou uma semana em Leme para montar uma
nova aeronave.
O ultraleve que deu problema no motor pertenceu ao religioso por cinco
anos, mas há seis ele vendeu para outra pessoa. No sábado, o atual
proprietário sugeriu que ele fizesse um voo para matar saudades, contou o
padre.
Reunidos no aeródromo, o padre reencontrou o piloto que morreu no
acidente. “Eu conheci ele há uns 25 anos, mas não me lembrava. Começamos
a conversar, relembrar nosso passado. Era para eu voar com ele, mas eu
optei pelo avião que era meu”, disse o padre.
O acidente
O acidente aconteceu por volta das 17h30 em um canavial às margens da Estrada Municipal João da Cruz, próximo ao aeródromo.
De acordo com a polícia, a vítima estava sozinha na aeronave que caiu de
bico, cerca de 30 minutos depois que o outro ultraleve fez o pouso
forçado a 50 metros do local.
O Corpo de Bombeiros foi acionado, mas ao chegar encontrou o piloto
morto. A perícia técnica da Polícia Civil e a Polícia Militar também
estiveram no local.
Investigação
Segundo a polícia, os motivos da queda são desconhecidos. O caso foi registrado como morte suspeita acidental.
O corpo do piloto, que era natural de Mossoró (RN) e morava em São
Paulo, foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) de Limeira.
Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que vai contribuir com
as informações necessárias para o Centro de Investigação e Prevenção de
Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Ainda segundo a Anac, o piloto vítima
do acidente possuía autorização para pilotagem do aparelho.
O Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos
(Seripa IV) realizou a ação inicial da ocorrência envolvendo a
aeronave.
A ação inicial é o começo do processo de investigação e possui o
objetivo de coletar dados: fotografar cenas, retirar partes da aeronave
para análise, reunir documentos e ouvir relatos de pessoas que possam
ter observado a sequência de eventos.
A investigação realizada pelo Cenipa tem o objetivo de prevenir que
novos acidentes com as mesmas características ocorram. A conclusão de
qualquer investigação conduzida pelo Cenipa terá o menor prazo possível,
dependendo sempre da complexidade do acidente.
O analista de sistemas mossoroense Marcelo Mendes Fernandes, de 59 anos, morreu no acidente.
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