A detenta
suspeita de agredir a advogada Elisângela Maria Mororó no Instituto
Penal Feminino (IPF) Auri Moura Costa, no Ceará, afirmou à Polícia Civil
que a advogada pediu para ser agredida, com o objetivo de conseguir
prisão domiciliar, conforme depoimento registrado em boletim de
ocorrência ao qual o G1 teve acesso.
Elisângela
Mororó foi presa por suspeita de integrar uma organização criminosa que
atua no Ceará. Na residência onde ela estava, foram apreendidas uma
pistola e cocaína. Depois, ela foi alvo de um mandado de prisão da
Operação Reino de Aragão, em dezembro do ano passado, por suspeita de
planejar ações criminosas com chefes da facção presos, inclusive a fuga
de um presídio.
Após a
agressão, Elisângela foi levada a atendimento médico, que não constatou
gravidade nas áreas atingidas. Em seguida ela retornou à unidade
prisional, onde permanece reclusa. Ela também é suspeita de cobrar até
R$ 15 mil para entregar droga a presidiários durante visita aos clientes
presos.
Procurada pelo
G1, a defesa da advogada diz que não iria se manifestar sobre o caso
porque ainda não tem conhecimento sobre o depoimento da detenta.
Em boletim de
ocorrência de 6 de janeiro, a presidiária suspeita de agressão reconhece
que mentiu no depoimento do dia 2 de janeiro, quando confirmou que
agrediu a advogada motivada pelo fato de que "não gostou dessa mulher
porque viu um bicho ruim nela".
Segundo a nova
versão da detenta, Elisângela pediu para que ela simulasse a agressão
com a promessa de que conseguiria um advogado para ela. O defensor
atuaria em um pedido de transferência para um hospital mental, já que a
mulher sofre surtos de epilepsia.
A presa
completou "que confessa o falso testemunho prestado e que somente
aceitou fingir que estava agredindo a detenta supracitada, porque esta
lhe pediu para que batesse na cara dela e na barriga com o fito de
conseguir prisão domiciliar e que a declarante então conseguiria a
comunicação com sua genitora e por consequência iria para o hospital
mental", segundo o registro no boletim de ocorrência.
Pedido da OAB-CE
A Ordem dos
Advogados do Brasil - Secção Ceará (OAB-CE) ingressou no Tribunal de
Justiça do Ceará (TJCE), nesta quarta-feira (15), com um pedido de que a
advogada Elisângela Mororó seja colocada em prisão domiciliar.
O pedido foi
assinado pelo presidente da OAB-CE, José Erinaldo Dantas Filho; pelo
diretor de Prerrogativas da Ordem, Márcio Vitor Meyer de Albuquerque; e
pelos advogados do Centro de Apoio e Defesa do Advogado, Francisco Cezar
Azevêdo Lima e Paulo Oliveira.
O presidente da
Ordem no Estado, advogado Erinaldo Dantas, explicou que "pela nossa
lei, se tiver um advogado preso, ele fica na sala do Estado Maior. E
como não existe sala de Estado Maior no presídio feminino aqui do Ceará,
a gente requer que ela vá para prisão domiciliar. A gente não pode
permitir que uma franqueada da OAB continue no mesmo local que presos
comuns".
Questionado
sobre a declaração de uma presa de que a agressão à advogada foi
planejada pela suposta vítima, Erinaldo disse que desconhecia a
informação. "Acho pouco provável. Porque se fosse para combinar uma
agressão, ela teria combinado uma agressão de menor potencial", pondera.
*G1 CE
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