O ministro da Educação, Abraham Weintraub, voltou a afirmar nesta
quarta-feira, em audiência na Câmara dos Deputados, que existem
plantações de maconha e produção de drogas sintéticas em universidades
federais. Weintraub disse que as plantações são um reflexo do consumo de
drogas em universidades.
A sessão começou com clima tenso, com bate-boca entre os deputados
sobre os procedimentos que seriam adotados. O ministro foi convocado
pelos parlamentares para dar explicações sobre as declarações em que
acusou, sem provas, universidades federais de terem “plantações
extensivas de maconha” e laboratórios para produção de drogas
sintéticas.
— A convocação é um assunto extremamente delicado, sério, grave, que é
o ambiente que os jovens têm quando chegam às universidades. Mais do
que a frase solta, há plantação de maconha das universidade federais. As
plantações são reflexos de um consumo, exagero, fora de controle, de
drogas nas universidades — afirmou o ministro.
A sessão teve gritaria e discussões entre os parlamentares e o
ministro. Antes de exibir uma matéria de TV que mostrava uma plantação
de maconha no campus da Universidade de Brasília (UnB), Weintraub voltou
a afirmar que existe produção de drogas em universidades federais.
— Sim, há plantações de maconha e sim, há utilização de um
laboratório de química numa universidade federal — disse o chefe do MEC.
Depois da exibição do vídeo, o deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ) se
retirou da comissão dizendo que queria discutir educação e que o
ministro estava desrespeitando os educadores. Após a saída do deputado,
Weintraub mostrou outra matéria sobre tráfico de drogas na Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG). O ministro continuou mostrando notícias
de casos de uso e tráfico de drogas em campus de universidades.
Weintraub ressaltou, mais de uma vez, que as polícias militares não
podem entrar nos camcpi universitários e citou também a autonomia das
instituições. O ministro disse que os traficantes encontram “refúgio”
nas universidades. A autonomia didática, administrativa e de gestão
patrimonial das universidades é garantida pela Constituição Federal.
— Nas universidades eles encontram refúgio, a PM não pode entrar nos
campi — afirmou e, em seguida, disse que é 100% a favor da autonomia de
ensino – Eu sou 100% a favor de total autonomia de pesquisa, total
autonomia de ensino nas universidades, você pode falar o que quiser e
pesquisar o que quiser, mas roubo, estupro e consumo de drogas ilícitas,
não pode ter e a PM tem que entrar nos campi.
Reações dos deputados
Após a fala do ministro, a deputada Margarida Salomão (PT-MG),
rebateu as acusações. Segundo a parlamentar, Weintraub desconhece a
importância das universidades federais no país. Margarida também disse
que a apresentação do ministro foi uma sequência de “apresentações
sensacionalistas”.
– O que vemos aqui é umas sequências de telejornais, de apresentações
sensacionalistas, que tratam de forma indevida de eventos que já foram
apurados na UnB e na UFMG – disse.
A parlamentar afirmou que os casos são incidentais e não podem ser
usados para exemplificar toda a situação das universidades no país.
– Não havia uma relação da causalidade entre a presença dos jovens
naquele lugar e uma evidência de que eles fossem cultivadores ou
mercadores dessa mercadoria, nós não podemos ficar reféns de casos
incidentais.
O deputado Professor Israel (PV-DF), que estudou na UnB, criticou as
declarações do ministro. Segundo ele, o ministro usou de notícias
pontuais para generalizar os casos.
– O que o senhor faz ao generalizar suas acusações sobre o uso de
entorpecentes nas universidades é pegar fatos isolados e transformar em
realidade para a população que só tem as matérias de jornais como
referência. Isso causa na sociedade um pânico, essas crises criadas
pelos demagogos servem para diminuir direitos civis – disse o
parlamentar.
Segundo o deputado do PV, esse comportamento destrói a reputação da universidade.
– O senhor não pode agir como os demagogos que pegam casos de
exceção, casos extraordinários e transformam na regra, o senhor não pode
destruir a reputação da universidade agindo dessa forma, com argumentos
que generalizam fatores e questões pontuais – afirmou.
Após a resposta de alguns deputados, o ministro voltou a falar e
afirmou que nunca culpou reitores e funcionários pelas acusações que
fez. Weintraub lembrou que é professor concursado da Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp) e disse que o país está vivendo a maior
revolução no ensino nos últimos 20 anos.
– Eu adoraria ter sido convidado para falar sobre o que eu fiz, o que
o MEC fez, que é a maior revolução na real de ensino no Brasil nos
últimos 20 anos. Estamos vivendo a maior revolução na área de ensino, o
símbolo máximo é que sai o kit gay e entra livros para as crianças lerem
com os pais – disse.
O ministro foi convocado para esclarecer as declarações que deu, no
fim de novembro, sobre a produção de drogas em universidades federais.
Weintraub acusou, sem provas, universidades federais de terem
“plantações extensivas de maconha” e utilizarem laboratórios para
produção de drogas sintéticas. A declaração foi rechaçada por reitores
das universidades e organizações ligadas à educação.
Uma semana depois, a Associação Nacional dos Dirigentes das
Instituições de Ensino Superior (Andifes) entrou na Justiça com uma ação
para que o ministro explicasse suas declarações.
Esse odeia as Universidades seu moço.
O Globo
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