Uma pessoa próxima ao presidente da
República, Jair Bolsonaro (sem partido), tentou sequestrar o colunista
Lauro Jardim, do jornal O Globo, na saída de um restaurante em São
Paulo. É o que afirmou hoje Gustavo Bebianno, ex-secretário-geral da
Presidência da República. Ao UOL, o jornalista disse que não comentará a
entrevista.
Em entrevista à rádio Jovem Pan, Bebianno afirmou que a pessoa em
questão — que não teve a identidade revelada — já fez ameaças a
jornalistas de diversos veículos, incluindo a suposta tentativa de
sequestro. Ele, no entanto, não deu detalhes a respeito dos casos.
"O presidente parece que escolhe a dedo pessoas muito perigosas.
Inclusive, há uma pessoa muito próxima a ele que recentemente tentou
sequestrar um jornalista do sistema Globo. Pegou o jornalista Lauro
Jardim na saída de um restaurante em São Paulo e tentou enfiar o Lauro
Jardim dentro de um automóvel, uma coisa meio forçada. O Lauro ficou
muito nervoso, muito preocupado", disse.
"O assunto foi levado à direção da TV Globo, foi parar no departamento
jurídico do jornal O Globo, e essa pessoa foi notificada inclusive pelo
sistema Globo para que não se aproximasse mais do Lauro Jardim. Essa
mesma pessoa já ameaçou uma jornalista da revista Época e já fez ameaças
veladas a outra jornalista do jornal O Globo. São essas as pessoas que
estão ao redor do presidente", completou.
Procurado pelo UOL, o jornalista afirmou que não irá se pronunciar sobre a entrevista.
"Pessoa desequilibrada"
Bebianno foi questionado sobre as declarações de Bolsonaro à revista
Veja, na qual afirma acreditar que algum aliado da campanha eleitoral de
2018 teria responsabilidade parcial no atentado que sofreu no dia 6 de
setembro daquele ano, na cidade mineira de Juiz de Fora, quando foi
atingido por uma facada de Adélio Bispo de Oliveira.
Para Bolsonaro, "houve uma conspiração". "O meu sentimento é que esse
atentado teve a mão de 70% da esquerda, 20% de quem estava do meu lado e
10% de outros interesses", alegou o presidente da República.
O site O Antagonista afirmou que "aparentemente, Jair Bolsonaro
refere-se a Gustavo Bebianno" na declaração. Mas para Bebianno, demitido
da secretaria-geral da Presidência, a declaração mostra Bolsonaro como
uma pessoa "desequilibrada", agindo em represália.
"Me preocupa muito o Brasil estar entregue nas mãos de uma pessoa tão
desequilibrada, porque se ele é capaz desse tipo de atitude em relação a
assuntos menores, se é capaz desse tipo de loucura, de devaneio, ele
poderá colocar o Brasil em situações muito complicadas. Acho que o
Brasil não pode estar sob o comando de uma pessoa tão desequilibrada",
disse.
"Já estou conversando com vários juristas, amigos, que compartilham da
mesma opinião. Vou processá-lo na esfera cível, criminal, e vamos
promover um processo de interdição. Ele precisa ser interditado, não tem
condições de governar o Brasil", emendou.
Nossa.
UOL
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