A nomeação do jornalista Sérgio Nascimento de Camargo para a presidência da Fundação Cultural Palmares – órgão de promoção da cultura afro-brasileira – causou uma onda de manifestações. O motivo é uma série de publicações, nas redes sociais, em que o jornalista relativiza temas como a escravidão e o racismo no Brasil.
Sérgio substitui Vanderlei Lourenço no cargo e sua nomeação foi publicada no Diário Oficial nesta quarta-feira (27). A fundação fica na estrutura da Secretaria Especial da Cultura, o antigo Ministério da Cultura.
Em um post antes da nomeação, o novo chefe da fundação classificou o racismo no Brasil como "nutella". "Racismo real existe nos Estados Unidos. A negrada daqui reclama porque é imbecil e desinformada pela esquerda", afirmou.
Sobre o Dia da Consciência Negra, Sérgio Camargo afirmou que o "feriado precisa ser abolido nacionalmente por decreto presidencial". Ele disse que a data "causa incalculáveis perdas à economia do país, em nome de um falso herói dos negros (Zumbi dos Palmares, que escravizava negros) e de uma agenda política que alimenta o revanchismo histórico e doutrina o negro no vitimismo".
No dia 3 de novembro, Sérgio publicou uma mensagem numa rede social na qual disse que “sente vergonha e asco da negrada militante. Às vezes, pena. Se acham revolucionários, mas não passam de escravos da esquerda", escreveu.
O G1 tenta entrar em contato desde a quarta-feira (27) com o jornalista, mas ainda não obteve retorno. Nesta quinta, o presidente Jair Bolsonaro disse que não conhece o novo presidente da Fundação Palmares pessoalmente.
Ainda na quarta-feira, o irmão do jornalista também usou a internet para dar a sua opinião. Wadico Camargo disse que tem vergonha "de ser irmão desse 'capitão do mato', Sérgio Nascimento Camargo, hoje nomeado presidente da Fundação Palmares".
Na época da escravidão, "capitão do mato" era o negro que capturava escravos fugitivos.
O que diz a secretaria
A Secretaria Especial da Cultura disse em nota que as mudanças de equipe publicadas ontem no Diário Oficial da União (DOU) "visam garantir maior integração e eficiência à pasta". A escolha de Sérgio Nascimento foi feita pelo secretário Especial da Cultura, Roberto Alvim.
Ainda segundo a secretaria, "Sérgio é católico e jornalista; ocupou cargos de repórter, editor e de chefia em algumas das maiores redações de jornais e rádios de São Paulo. Também trabalhou na edição, pesquisa e produção de obras literárias, como auxiliar particular de seu pai, o renomado escritor Oswaldo de Camargo, que em sua obra aborda temas ligados à temática negra".
O órgão diz ainda que o novo presidente da Fundação Palmares "defende que o negro não precisa ser vítima, nem precisa ser de esquerda, e trabalha pela libertação da mentalidade que escraviza ideologicamente os negros, gerando dependência de cotas e do assistencialismo estatal".
Ainda segundo a secretaria, um dos principais desafios de Sérgio no cargo é "desaparelhar a Fundação Palmares e direcionar o dinheiro público para o desenvolvimento de políticas públicas que protejam e incentivem a verdadeira cultura negra".
Outros posts de Sérgio nas redes sociais
- 16/08: "Não há salvação pro movimento negro. Precisa ser extinto! Fortalecê-lo é fortalecer a esquerda."
- 27/08: "A escravidão foi terrível, mas benéfica para os descendentes. Negros do Brasil vivem melhor que os negros da África."
- 19/11: "O Dia da Consciência Negra celebra a escravização de mentes negras pela esquerda. Precisa ser abolido"
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