Mãe da menina
de 1 ano e 5 meses que se engasgou com um caroço de jabuticaba durante
uma atividade escolar em Sorocaba (SP) e morreu após 11 dias internada, a
cabeleireira Luana Granh contou que ainda não retomou a rotina. Mas ela
não culpa os funcionários da escola pelo ocorrido.
Ao G1, ela diz
que a família ficou muito abalada com a tragédia e que está se
recuperando aos poucos. "Meu marido voltou a trabalhar, mas eu não. Não
sentimos raiva da equipe, nem da professora. Vimos o quanto ela ama a
sua profissão", explicou.
Luana lembra
que, em 6 de novembro, recebeu uma ligação e foi direto à escola, a
CEI-98 Olinda Luz Marte. "Pude perceber toda a correria e mobilização de
todos no momento em que cheguei. Vi que estavam preocupados em
salvá-la", afirmou.
Segundo a mãe, a
professora teria levado a fruta apenas para apresentar às crianças e
não para que elas comessem. "Quando ela percebeu, minha filha já estava
engasgada."
A garota chegou
com parada cardiorrespiratória ao Hospital Gpaci e precisou ser
internada na UTI, onde permaneceu durante 11 dias. Ela morreu em 17 de
novembro e foi enterrada no Cemitério da Consolação, em Sorocaba. Todos
os órgãos foram doados.
A menina estava
matriculada na escola desde os 8 meses de idade e, de acordo com Luana,
a relação da família com os funcionários sempre foi boa. Por isso, ela
conversou com a professora responsável pela atividade logo após o
ocorrido.
"Tenho certeza
que a minha filha sempre foi muito bem cuidada. Ela adorava toda a
equipe. Conversei com a professora após o ocorrido e ela está muito mal,
afastada e passando por tratamento."
Durante a
internação da criança na UTI, Luana permitiu que a professora a
visitasse duas vezes. "Ela visitou minha filha e ainda foi ao velório.
Está muito abalada, não nos vimos pessoalmente após o enterro, apenas
conversamos por telefone", afirmou.
Mãe de outra criança, de 8 anos, a cabeleireira comenta que o filho ainda fala muito sobre a irmã mais nova.
"Eles estavam
em uma fase em que brincavam muito e ele ainda fala muito dela. Voltamos
a passá-lo na psicóloga para ajudar a entender tudo isso. Organizamos a
casa, tiramos tudo que era da minha filha e enviamos para doação. Agora
é seguir em frente."
Prefeitura diz que abriu investigação
Após o
ocorrido, a prefeitura abriu uma investigação interna para apurar os
detalhes da atividade pedagógica realizada no berçário.
Em nota, a administração municipal afirmou que estava prestando todo o apoio necessário à família.
"O fato
aconteceu na tarde do último dia 6 [de novembro], durante uma atividade
pedagógica sobre o tema 'consciência negra', quando a turma do berçário
teve contato com jabuticabas, visando experienciar a textura e o sabor
da fruta, que aparece na história apresentada aos estudantes no projeto.
Durante a atividade, a estudante, ao experimentar a jabuticaba, sofreu
um engasgo com a fruta", diz o comunicado.
A prefeitura disse também que acompanhou e tomou todas as providências necessárias sobre o caso.
"Imediatamente a
unidade escolar acionou o Samu e a família. Umas das profissionais, que
possui o curso técnico de enfermagem, assumiu o controle da situação
até a chegada do resgate, o que aconteceu cerca de 20 minutos após.
Assim que assumiu o controle da situação, o Samu encaminhou a criança
até o Hospital Gpaci para internação na UTI, onde recebeu todo o
atendimento necessário."
Luana disse que a prefeitura não arcou com os custos do funeral da criança, feito através de um plano social.
Em nota, a
Secretaria da Educação (Sedu) afirmou que o velório realizado teve
caráter assistencial, ou seja, sem custo, e que uma entrevista está
agendada nesta terça-feira (26) com a assistência social da prefeitura
para definir detalhes do custeio. A Sedu afirmou também que a família
não vai arcar com as taxas funerárias.
Criança se engasgou com a fruta durante atividade escolar em Sorocaba — Foto: Arquivo pessoal
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