A escalada do valor do dólar comercial
frente ao real iniciada na última semana, cujas principais razões são a
instabilidade política em vizinhos como a Bolívia e o Chile, e a
lentidão nas negociações do acordo comercial entre China e Estados
Unidos, levou a moeda americana a registrar nesta segunda-feira, 18, a
sua maior cotação da história. O dólar teve pequena alta de 0,3%, o
suficiente para atingir 4,21 reais para a venda e se tornar o valor mais
elevado desde o início do Plano Real. O recorde anterior era de 4,1957
reais, atingido em 13 de setembro de 2018.
A escalada da moeda foi influenciada principalmente pelas
turbulências vividas por países sul-americanos. “O mercado está muito
preocupado com os conflitos políticos e econômicos na Argentina, Bolívia
e Chile. Houve um pé no freio por parte dos investidores, que não
dispostos a injetar recursos no Brasil. Dentre alguns fatores, a
libertação do Lula foi encarada como um fator de insegurança jurídica
pelo mercado, que teme que o país enfrente a mesma situação dessas
outras nações” afirma Mauriciano Cavalcante, diretor de câmbio da
Ourominas.
Além disso, o julgamento do plenário do Supremo Tribunal Federal
(STF) sobre uma decisão que determinou o envio à corte de relatórios
elaborados pelo antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras
(Coaf), atual Unidade de Inteligência Financeira do Banco Central, foi
ponto de atenção dos investidores.
O presidente do STF, Dias Toffoli, havia determinado que o BC
enviasse à Corte todos os Relatórios de Inteligência Financeira (RIF) e
das Representações Fiscais para Fins Penais (RFFP) realizados nos
últimos três anos, medida que pode colocar em risco informações privadas
de mais de 600.000 pessoas.
No cenário internacional, logo ao início do dia, houve otimismo dos
investidores em relação às negociações comerciais entre Estados Unidos e
China, após a agência estatal chinesa Xinhua informar que os dois lados
mantiveram “negociações construtivas” sobre o comércio entre os países.
Contudo, a CNBC, canal de televisão americano que cobre notícias
sobre o mundo dos negócios, relatou que o humor em Pequim sobre o acordo
comercial com os Estados Unidos é pessimista, devido à relutância do
presidente norte-americano, Donald Trump, em retirar tarifas.
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