O presidente Jair Bolsonaro convidou deputados do PSL a
participarem de uma reunião na tarde desta terça-feira no Palácio do
Planalto para informar que deverá se desfiliar da legenda. No encontro, o
presidente deve anunciar também a estratégia para criação de uma
legenda.
Segundo a colunista Bela Megale, a
campanha para a criação da nova sigla pode ser lançada ainda nesta
semana, com um site e um aplicativo. Ainda de acordo com a colunista,
caso os aliados de Bolsonaro não consigam levar o fundo eleitoral do PSL
para o novo partido, a ideia é adotar um modelo similar ao do partido
Novo, com cobrança de mensalidades, além de realizar vaquinhas online, o
chamado “crowdfunding”.
No início da noite desta segunda-feira, Bolsonaro confirmou reunião
com deputados para tratar de novo partido, mas se recusou a revelar o
nome da legenda.
— Vou tratar amanhã à tarde com a bancada. Não posso definir agora
assim — respondeu aos jornalistas ao chegar no Palácio da Alvorada.
Ao ser questionado se o nome de seu novo partido será “Aliança pelo
Brasil”, como vem sendo divulgado, Bolsonaro não quis confirmar.
— Não está certo nada ainda. Se não depois vocês vão falar que eu
recuei. Deixa eu tomar conhecimento do que está acontecendo amanhã —
respondeu.
O GLOBO apurou que o presidente nacional do PSL, Luciano Bivar, foi
informado de que Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro (RJ) assinaram a
desfiliação na quarta-feira da semana passada, mas ainda não entregaram
o documento ao partido.
Bolsonaro e Flávio podem ficar sem partido até que o grupo
bolsonarista decida se vai se filiar a outra legenda, incorporar ou até
mesmo trabalhar pela criação de um partido. O deputado Eduardo Bolsonaro
(PSL-SP) não pode se desfiliar porque corre o risco de perder o
mandato.
Ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Admar Gonzaga
encabeça os trabalhos ao lado da advogada Karina Kufa para tornar viável
a criação de uma legenda para o presidente e os 20 parlamentares que já
sinalizaram sair do PSL com ele.
A ideia é que o presidente use sua rede de apoio na militância
bolsonarista para recolher 500 mil assinaturas e dar início ao processo
de criação no TSE.
Na Câmara, o filho do presidente e líder do PSL, Eduardo Bolsonaro
(SP), disse que a reunião vai tratar sobre o futuro político do
presidente e de seus aliados.
— Não sei se ele vai fazer isso aí (anunciar a saída da legenda). Eu
acho provável. O que tudo indica é que sim. A gente vai bater um papo
com a maioria da bancada dos deputados do PSL para ver como é que fica
essa situação — disse Eduardo.
O deputado afirmou ainda que a maioria deve seguir o presidente da
República. No seu caso, Eduardo disse que iria “até a lua” com Jair
Bolsonaro.
— Amanhã, na reunião no Palácio do Planalto, junto com a maioria dos
deputados do PSL, ressalvado uma meia dúzia que tem entrado em conflito
frontal com o presidente, a gente vai decidir a questão partidária. Se
for um novo partido, se formos migrar para um partido já existente, ou
mesmo quais deputados estão dispostos a fazer isso, a gente vai decidir
amanhã nessa reunião. É um momento chave para os deputados que estão no
PSL — acrescentou.
Um dos convidados, o deputado federal Bibo Nunes (RS) afirmou que vai
aproveitar o encontro para manifestar também seu interesse em deixar o
PSL, quando houver uma janela legal para saída. Ele não pode deixar a
legenda neste momento sob pena de perder o mandato.
— É uma reunião para falarmos do momento político, e o Bolsonaro
anunciar a desfiliação dele do PSL. Assim, como eu vou anunciar que de
fato já estou fora do PSL e quero que acelerem minha expulsão — disse
Bibo Nunes.
A reunião está marcada para as 16h, na Sala de Audiências do Palácio
do Planalto, que fica no 3º andar, a poucos metros do gabinete
presidencial. Dos 53 deputados federais do PSL que estão em exercício,
sete ficaram de fora da lista de convidados de Bolsonaro, entre eles o
presidente nacional do partido, Luciano Bivar (PE).
Também foram ignorados o ex-líder da legenda na Câmara, Delegado
Waldir (GO) e a ex-líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (SP),
além de Heitor Freire (CE), Julian Lemos (PB), Júnior Bozzella (SP) e
Professora Dayane Pimentel (BA).
O ministro da Secretaria de Governo e articulador político do Planalto, Luiz Eduardo Ramos, também deve participar do encontro.
‘Aliança’
No domingo, o colunista Lauro Jardim revelou que o nome preferido de Bolsonaro para a nova legenda é Aliança. O
nome, aliás, remete, não se sabe se propositalmente, à extinta Aliança
Renovadora Nacional, Arena, o partido de sustentação da ditadura.
Advogados do presidente acreditam que a criação de uma sigla passou a
entusiasmar Bolsonaro depois de ele ouvir que, se mais da metade dos
deputados do PSL migrarem para a nova legenda, há chance de levarem
consigo parte do fundo partidário de R$ 110 milhões ao ano.
Segundo O GLOBO apurou, Bolsonaro já admite que pode não ter tempo
hábil para que seus aliados disputem as eleições municipais na nova
legenda. Isso porque o presidente sabe que o TSE pode ter dificuldade de
conseguir analisar 500 mil assinaturas até abril do ano que vem.
Há três semanas, durante uma viagem a Abu Dhabi, Bolsonaro disse que
“não teria dificuldade” em criar um partido. À época, ele disse que um
bom nome para uma nova sigla seria Partido da Defesa Nacional.
Sem comentários seu moço.
O GLOBO
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