O desastre ambiental que
atinge as praias do Nordeste brasileiro —com a chegada de manchas de
óleo à região— é um caso inédito no mundo e ainda não é possível prever o
seu fim.
A avaliação é da coordenadora de Emergências Ambientais do Ibama
(Instituto Natural do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis),
Fernanda Pirillo, responsável pelas operações de limpeza dos locais
atingidos.
Diante de críticas sobre a demora na resposta do governo ao
aparecimento das manchas de óleo, ela defende que o Ibama vem
trabalhando nas praias desde os primeiros registros e hoje conta com 130
agentes da área ambiental do instituto nas frentes de trabalho.
De acordo com a coordenadora de Emergências Ambientais do Ibama, a
união de três fatores fazem deste desastre um episódio único: o
desconhecimento do responsável pela poluição, a extensão do impacto e a
recorrência na chegada do óleo, o que leva a crer que se trata de um
vazamento intermitente.
Os primeiros registros de óleo foram confirmados pelo Ibama na
Paraíba, no dia 30 de agosto. Dois dias depois, houve registros também
em praias de Pernambuco e Sergipe. Desde então, seis outros estados do
Nordeste foram afetados, do Maranhão à Bahia. A extensão do impacto já
supera 2.000 quilômetros.
De acordo com o último balanço divulgado pelo órgão, na quinta-feira
(24) da semana passada, são 238 localidades afetadas em 88 municípios de
nove estados.
“No início, não se imaginava o que aconteceria. Um acidente desses é inédito no mundo”, afirma a coordenadora do Ibama.
O governo vem sendo criticado por só ter acionado o Plano Nacional de Contingência,
estabelecido em 2013 para fazer frente a casos de vazamento de
petróleo, 41 dias após os primeiros registros do problema no litoral
brasileiro.
Há críticas também com relação à falta de equipamentos adequados para contenção e coleta do óleo.
Pirillo afirma que o órgão está nas praias desde os primeiros registros e defendeu que a extinção de dois comitês do Plano Nacional de Contingência pelo governo Bolsonaro em abril não impacta nas operações de limpeza.
Pirillo afirma que o órgão está nas praias desde os primeiros registros e defendeu que a extinção de dois comitês do Plano Nacional de Contingência pelo governo Bolsonaro em abril não impacta nas operações de limpeza.
Por decreto, Bolsonaro extinguiu conselhos, comissões, comitês,
juntas e outras entidades criadas por decretos ou por medidas
administrativas inferiores no primeiro semestre. Foram mantidos apenas
aqueles criados na gestão atual e os criados por lei.
O Comitê Executivo tem como função elaborar simulados, treinar
pessoal e manter recursos para resposta a emergências. Já o Comitê de
Suporte reúne ministérios e órgãos do governo para indicar os recursos
para cada caso e atuar em frentes que não são da área ambiental, como a
liberação da entrada de equipamentos no país, por exemplo.
“Aqueles comitês não foram pensados para funcionar durante a emergência”, afirma Pirillo.
O Grupo de Avaliação e Acompanhamento, outro órgão do Plano Nacional
de Contingência, composto por Ibama, Marinha e Agência Nacional do
Petróleo (ANP), começou a aparecer em comunicados do governo apenas no
dia 14 de outubro.
As investigações sobre as causas do derramamento são concentradas na Marinha.
A extinção dos comitês levou, na quinta-feira (17), o Ministério
Público Federal a entrar com ação contra a governo federal por omissão
diante do maior desastre ambiental no litoral brasileiro e pediu que a
Justiça Federal obrigasse a União a colocar o plano de contingência em
ação em 24 horas.
Segundo a Procuradoria, a União não está adotando as medidas adequadas para responder à emergência.
Sem ter responsabilidade pelo vazamento, a Petrobras vem contribuindo com os trabalhos de limpeza e espera ser ressarcida pelo governo.
Ainda não há estimativa dos custos da operação e a contabilização
passará a ser acompanhada pelo TCU (Tribunal de Contas da União).
A coordenadora do Ibama diz que a recorrência da chegada do óleo
impede projeções sobre quando a limpeza estará concluída. Ela lembra
que, no início do ano, a limpeza de três praias do Rio de Janeiro
atingidas por óleo vazado de plataforma da Petrobras levou três meses
para ser concluída.
Desastre grandioso seu moço.
FOLHAPRESS
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