A alta comissária dos Direitos Humanos da ONU e ex-presidente chilena, Michelle Bachelet, afirmou que sente “pena pelo Brasil” ao recordar a defesa que o presidente Jair Bolsonaro fez recentemente da ditadura de Augusto Pinochet no
Chile, na qual justificou a morte do pai da socialista pelo regime
militar. A declaração faz parte de uma longa entrevista concedida à rede
de televisão pública chilena TVN, cujo conteúdo foi divulgado
parcialmente neste domingo pelo jornal La Tercera. É a primeira vez que
Bachelet comenta o caso.
No início do mês, com o Brasil no centro do debate internacional por
conta dos incêndios na Amazônia, Bachelet manifestou preocupações com a
alta da violência policial nos estados do Rio e de São Paulo, com “uma
redução do espaço cívico e democrático” nos últimos meses e com os
ataques a comunidades indígenas no Brasil. Bolsonaro respondeu que
Bachelet estava “seguindo a linha” do presidente francês, Emmanuel
Macron, que criticara a resposta do governo às queimadas, ao se
“intrometer nos assuntos internos e na soberania brasileira” e fez
elogios à ditadura de Pinochet (1973-1990).
— Se há uma pessoa que diz que em seu país nunca houve ditadura, que
não houve tortura, que a morte de meu pai por tortura permitiu que (o
Chile) não fosse outra Cuba, a verdade é que me dá pena pelo Brasil —
disse Bachelet.
Na ocasião, o capitão da reserva do Exército e atual presidente do
Brasil afirmara que “[Bachelet] diz ainda que o Brasil perde espaço
democrático, mas se esquece que seu país só não é uma Cuba graças aos
que tiveram a coragem de dar um basta à esquerda em 1973, entre esses
comunistas o seu pai brigadeiro à época”, escreveu o brasileiro.
Alberto Bachelet Martínez era um oficial legalista que se opôs ao golpe
de 1973 que derrubou o presidente socialista Salvador Allende e foi preso e torturado pela ditadura do general Augusto Pinochet (1973-1990).
Ele morreu de infarto na Prisão Pública de Santiago, aos 50 anos, em
1974. Em 2014, dois ex-militares foram condenados pela tortura e morte
dele. Procurada pelo GLOBO por meio de sua assessoria, Bachelet disse na
época que não iria comentar os ataques de Bolsonaro.
Bachelet explicou que apenas respondeu a uma pergunta feita sobre o
Brasil, com os dados que tinha, “que é o número de pessoas mortas e a
dificuldade da sociedade civil de continuar fazendo o que estava fazendo
antes”. Na entrevista que vai ao ar na noite deste domingo, ela também
afirmou que a “redução do espaço democrático não acontece apenas no
Brasil”, e disse considerar que, na área de direitos humanos, “não
existe nenhum país perfeito”.
Só os debiloides aprovam às asneiras faladas por Bolsonaro.
O GLOBO
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