O presidente Jair Bolsonaro afirmou
nesta segunda-feira, 5, que não vai negar recursos aos Estados do
Nordeste, desde que os governadores divulguem que são parceiros do
governo. Segundo ele, “boa parte” dos governadores do Nordeste é
socialista, que não comungam dos mesmos interesses do seu governo.
“O que eu quero desses respectivos governadores: não vou negar nada
para esses Estados, mas se eles quiserem realmente que isso tudo seja
atendido, eles vão ter que falar que estão trabalhando com o presidente
Jair Bolsonaro. Caso contrário, eu não vou ter conversas com eles, vamos
divulgar obras junto a prefeituras”, disse o presidente após a
inauguração de uma usina de energia que usa painéis solares instalados
sobre as águas do Rio São Francisco, em Sobradinho (BA).
Reportagem publicada no Estadão/Broadcast na
semana passada mostrou que a Caixa Econômica Federal reduziu a
concessão de novos empréstimos para o Nordeste neste ano. Em 2019, até
julho, o banco autorizou novos empréstimos no valor de R$ 4 bilhões para
governadores e prefeitos de todo o País. Para o Nordeste, foram
fechadas menos de dez operações, que juntas totalizavam, naquela data,
R$ 89 milhões, ou cerca de 2,2% do total – volume muito menor do que em
anos anteriores.
No entanto, segundo Bolsonaro, o Nordeste tem recebido recursos
abundantes. “Eu não estou aqui para fazer média. Não estou aqui com
colegas nordestinos para fazer média. Não existe essa história de
preconceito. Agora, eu tenho preconceito com governador ladrão que não
faz nada para o seu Estado”, disse o presidente.
O governador da Bahia, Rui Costa, do PT, não participou do evento. No
último dia 23, ele também não participou da inauguração do aeroporto de
Vitória da Conquista (BA).
“O meu relacionamento é com o povo do Nordeste. Ninguém proibiu o
governador de estar aqui. Da vez passada, quando estive em Vitória da
Conquista, ele determinou que a Polícia Militar não participasse da
nossa segurança. Então quem tem algum preconceito é ele. Se ele viesse
aqui seria muito bem vindo. Não teria sido falado nada contra ele, ou
hostilizado. Agora quem está com medo de encarar seu próprio povo é ele e
não eu”, afirmou Bolsonaro. “Eu não posso admitir que governadores como
o do Maranhão e da Paraíba façam politicalha no tocante à minha
pessoa.”
O presidente voltou a negar ter criticado os gestores estaduais, que
são oposição ao governo federal. “Eu cochichei no ouvido do ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil)
e me referi ao governador da Paraíba e do Maranhão, que eles procuram
os nossos ministérios, conseguem coisas como outros, mas chegam em seus
respectivos Estados e descem a ‘burduna’ em cima de mim”, disse o
Bolsonaro, em referência a uma conversa captada por microfones da TV Brasil em que ele critica o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB).
“Daqueles governadores de ‘paraíba’, o pior é o do Maranhão. Não tem
que ter nada para esse cara”, afirmou o presidente, sem saber que estava
sendo gravado. Para Dino, a referência a “paraíba” foi uma forma
pejorativa a se referir aos nordestinos, o que Bolsonaro nega.
ESTADÃO CONTEÚDO
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